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quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

A nova etapa dos movimentos globais

Bruxelas, 1º/12: Dezenas de milhares contra "políticas de austeridade". Para Wallerstein, nova etapa envolverá sindicatos, mas manterá horizontalidade
 
 

Immanuel Wallerstein analisa: primeira fase teve êxito fantástico; diante da surdez do sistema, outra onda está se desenhando


Por Immanuel Wallerstein | Tradução: Daniela Frabasile

Durante os protestos na praça Tahrir em novembro de 2011, Mohamed Ali, de 20 anos, respondeu a um repórter que lhe perguntou por que estava ali: “Nós queremos justiça social. Nada mais. É o mínimo que merecemos”.
A primeira rodada de movimentos tomou múltiplas formas ao redor do mundo – a chamada Primavera Árabe, os movimentos que se espalharam por um grande número de países: Oxi, na Grécia, na Grécia; os indignados na Espanha; os protestos estudantis, no Chile; Occupy nos Estados Unidos e muitos outros.
Foram um sucesso fantástico. O grau de êxito pode ser medido pelo artigo extraordinário, escrito pelo ex-secretário do Tesouro dos EUA, Lawrence Summers no Financial Times em 21 de novembro, com o título “Desigualdade não pode mais ser mantida à distância com as ideias de costume”. Esse nunca foi um tema usual dos artigos de Lawrence Summers.
No texto, ele faz duas afirmações notáveis, considerando que foi um dos arquitetos da política econômica mundial dos últimos vinte anos, que nos colocou na crise em que o mundo se encontra hoje. A primeira é que houve mudanças fundamentais nas estruturas econômicas do mundo. Summers diz que “a mais importante é o forte crescimento nos ganhos de mercado para uma pequena minoria de cidadãos, em relação ao que pode ganhar a maioria dos cidadãos.”
A segunda afirmação diz respeito a dois tipos de reações do público a essa realidade: a dos manifestantes e a de quem é firmemente contra eles. Summers se diz contrário à “polarização” – que, segundo ele, os manifestantes estão tentando promover. Mas em seguida, acrescenta: “ao mesmo tempo, estão ainda mais errados aqueles que rapidamente rotulam como deslocada, ou produto da luta de classes, qualquer expressão de crítica à crescente desigualdade”.
O que o artigo de Summers indica não é que ele tenha se tornado um expoente da mudança social radical – longe disso – mas que está preocupado com o impacto político dos movimentos de justiça social ao redor do mundo, especialmente no que ele chama de mundo industrializado. Eu chamo isso de sucesso dos movimentos globais de justiça social.
A resposta a esse sucesso tem sido algumas pequenas concessões em alguns lugares mas, ao mesmo tempo, um crescimento de repressão. Nos Estados Unidos e no Canadá, tem havido um desalojamento sistemático das “ocupações”. A quase simultaneidade das ações políticas parece indicar algum nível de coordenação. No Egito, o exército tem resistido a qualquer diminuição de seu poder. Políticas de austeridade foram impostas a Grécia e Itália pela Alemanha e França.
A história, no entanto, está longe de seu final. Os movimentos estão desenvolvendo sua segunda onda. Os manifestantes que reocuparam a praça Tahrir e estão tratando o marechal Tantawi, chefe da junta militar provisória egípcia, com o mesmo desprezo que trataram Hosni Mubarak. Em Portugal, uma greve geral de um dia paralisou todo o sistema de transportes. Um anúncio de greve na Grã-Bretanha, em protesto contra os cortes reduziu o tráfego no aeroporto de Heathrow em 50%.
Na Grécia, o governo tentou pressionar aposentados pobres impondo um novo tributo nas contas de eletricidade dessas pessoas e ameaçando corte de energia caso as contas não fossem pagas. Há resistência organizada. Eletricistas locais estão ligando novamente a energia, contando com a inabilidade das reduzidas equipes municipais do governo em aplicar a lei. É uma tática que tem sido usada com sucesso no subúrbio de Soweto, em Johannesburgo, há uma década.
Nos Estados Unidos e no Canadá, o movimento de ocupação se espalhou dos centros das cidades para os câmpus universitários. E os “ocupantes” estão discutindo locais alternativos para ocupar, durante os meses de inverno. A rebelião estudantil no Chile espalhou-se para as escolas secundárias.
Duas coisas devem ser notadas na presente situação. A primeira é que os sindicatos – como parte e resultado – tornaram-se bem mais militantes, e muito mais abertos à ideia de que devem ser participantes ativos no movimento de justiça social ao redor do mundo. Isso é verdade no Mundo Árabe, na Europa, na América do Norte, no sul da África e até na China.
A segunda coisa a notar é o grau em que os movimentos são capazes de manter, em toda a parte, a ênfase em uma estratégia horizontal. Eles não são estruturas burocráticas, mas coalizões de vários grupos, organizações, setores da população. Eles ainda se esforçam para debater continuamente suas táticas e prioridades, e resistem a se tornar excludentes. Isso é sempre fácil? É claro que não. Isso funciona melhor que reconstruir um novo movimento vertical, com clara liderança e disciplina coletiva? Até agora tem, de fato funcionado melhor.
Temos que pensar na luta mundial como uma longa corrida, na qual os corredores precisam usar toda a sua energia com sabedoria, a fim de não se esgotarem, ao mesmo tempo em que mantêm o foco no objetivo: um tipo diferente de sistema-mundo, muito mais democrático, muito mais igualitário que qualquer coisa que temos agora.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Como se dá o acesso aos cargos técnicos administrativos da Uneb? O que diz o Regimento?

Não existem cargos políticos como alguns costumam afirmar. Ou pelo menos não deverá existir. Leia o que diz o regimento...
Um dia o regimento será seguido. Depende de nós. Pense nisso antes de votar. Em todas as circunstâncias...


Do Corpo Técnico-Administrativo

Art. 213.   O pessoal técnico-administrativo é o segmento de sustentação e apoio às atividades-fins da Universidade, constituído de funções próprias e grupos ocupacionais  específicos.

Parágrafo Único.
O ingresso dar-se-á através de concurso público de provas ou de provas e títulos, obedecida a ordem de classificação e o prazo de sua validade, conforme estabelecem o Estatuto dos Servidores Públicos Civis do Estado da Bahia e demais normas pertinentes.

Art. 214.  A Universidade poderá contratar pessoal por tempo determinado e sob o regime de direito administrativo, nos termos da legislação vigente.

 Parágrafo Único.
Os contratos de que trata este artigo serão celebrados mediante  processo de seleção, conforme critérios estabelecidos em lei.

Art. 215. O pessoal técnico-administrativo terá direito a trinta dias de férias por ano,  feitas as competentes escalas de modo a assegurar o funcionamento ininterrupto da Universidade.

Parágrafo Único.

As escalas de férias serão organizadas pelos respectivos órgãos ou
Departamentos, sem prejuízo da execução das atividades da Universidade.

Art. 216 Todos os aspectos da vida funcional dos servidores da UNEB serão regulados, conforme o caso, pela Lei de Carreira das Instituições de Ensino Superior do Estado da Bahia,pelo Estatuto dos Servidores Públicos Civis, por normas estabelecidas no Estatuto da
Universidade, neste Regimento e na legislação aplicável.

Regimento da UNEB Capítulo VI: Da Monitoria.



 
Da Monitoria

Art. 179. A Universidade pode instituir monitoria, para as atividades auxiliares de ensino
e extensão, admitindo alunos regulares, selecionados pelos Departamentos dentre os
estudantes que tenham demonstrado aproveitamento na disciplina ou componente curricularobjeto de monitoria e/ou tenham comprovada experiência relacionada com a área.

§ 1º. A monitoria não implica em vínculo empregatício e será exercida sob a orientação
de um professor, que assumirá toda a responsabilidade de acompanhamento e avaliação das atividades desenvolvidas pelo monitor.

§ 2º. O exercício da monitoria será considerado título para ingresso no magistério da
Universidade.

§ 3º. A designação de monitor será vinculada na disciplina ou componente curricular ou
projeto de extensão, cabendo-lhe basicamente:

a) auxiliar os professores em tarefas passíveis de serem executadas por estudantes;
b) auxiliar os estudantes orientando-os em trabalhos de laboratório, de biblioteca, de
campo e em outros compatíveis com seu nível de conhecimento e experiência;
c) constituir-se num elo entre professores e estudantes, visando ao ajustamento da
execução de programas de aprendizagem.

Art. 180. A designação dos monitores obedecerá a um plano global elaborado pelas Pró-
Reitorias Acadêmicas e aprovados pelo CONSU, em que serão indicados os recursos
orçamentários para a fixação do valor da bolsa de complementação educacional, bem como o número de vagas a serem oferecidas.
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§ 1º. As vagas para monitoria, criadas com o plano previsto neste artigo, serão
distribuídas entre os Departamentos. 
 
§ 2º. A redistribuição final das vagas de monitor será feita pelos Departamentos,
mediante a aplicação de critérios previamente estabelecidos, com a aprovação do Conselho de Departamento.

Art. 181. A designação de monitoria far-se-á com base em seleção, a cargo dos
Departamentos responsáveis pelas disciplinas ou componentes curricular ou com observância das determinações do Regulamento de Monitoria.

Parágrafo Único. Será expedido atestado do exercício da monitoria, firmado pelo
Diretor de Departamento ao estudante que obtiver aproveitamento.

Coisas do Regimento UNEB que é necessário conhecermos...

Do Professor Supervisor


Art. 171. O professor supervisor de estágio deverá ter graduação na área específica do
estágio.

§ 1º. Nos cursos de Licenciatura, o professor supervisor deverá ser licenciado na área.
Quando não houver disponibilidade de professor com essa formação, ficarão responsáveis
conjuntamente pelos estágios os professores da área específica e professores graduados em
pedagogia, com experiência em estágio supervisionado.
§ 2º.
ao Conselho de Departamento, ouvida a Coordenação Setorial, indicar o profissional, levando
em conta:

a) a formação acadêmica;
b) a experiência profissional;
c) a legislação em vigor.

Art. 172.

I – orientar, acompanhar e avaliar a execução dos estágios, com professores e/ou técnicos
credenciados para a troca de informações sobre a dinâmica do estágio;
II – elaborar instrumentos para acompanhamento, controle e avaliação do estagiário;
III – fornecer dados à Coordenação Setorial para tomada de decisão relacionada com o
estágio.

Seção IV

Do Orientador de Estágio

Art. 173.
escolar ou o profissional em exercício na Instituição onde está sendo realizado o estágio, o
qual deverá acompanhar e orientar, quando couber, as atividades do estagiário durante o
Estágio Supervisionado.

Art. 174. As atribuições do professor ou profissional credenciado serão estabelecidas
através dos termos de convênio celebrado entre a UNEB e as instituições conveniadas.

Seção V

Do Estagiário

Art. 175. No desenvolvimento de suas atividades o estagiário deverá:

I – cumprir a carga horária de estágio, prevista no plano de cada curso;
II – comparecer aos locais de estágio munido da documentação exigida;
III – respeitar as normas regimentais e disciplinares do estabelecimento onde se realiza o
estágio;
IV – submeter o planejamento elaborado ao orientador de estágio ou à coordenação da
área da escola ou empresa antes da execução do estágio;
V – apresentar a documentação exigida pela universidade sobre os estágios realizados;
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VI – participar de todos os processos de estágio, segundo o plano aprovado pela
Coordenação Setorial do Departamento.

Art. 176.
estágio.
Parágrafo Único.
supervisor, pelo orientador de estágio, quando for o caso, e pelo próprio estagiário.

Art. 177.
regulamentos próprios, um para cada curso, elaborados pelas coordenações setoriais e
aprovados pelo Conselho de Departamento, observado o que dispõe a legislação pertinente.

Art. 178.
Setorial de Estágio.


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Seção III

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Sedução e poder: as mulheres dos ditadores

Sedução e poder: as mulheres dos ditadores
Efe
Mussolini foi um autêntico símbolo sexual de sua época. Esta jovem exibe uma foto do Duce em roupa de banho


Clara González
Da EFE
Hitler e Mussolini foram autênticos "sex symbols" de sua época; Lenin, "um grande sedutor"; Stalin, um "playboy" e Salazar "um casanova discreto". A jornalista francesa Diane Ducret conta em "As Mulheres dos Ditadores" parte da história do século XX através das relações de seus grandes protagonistas com o sexo feminino.
"O poder se baseia tanto na coerção como na capacidade de sedução dos ditadores, algo que não foi levado em conta pois a história é abordada de um ponto de vista estritamente masculino, centrando-se no aspecto militar e na ideologia", diz a escritora Diane Ducret.
Para Diane, estes ditadores são "grandes sedutores" e assinala que embora haja um "carisma natural" também há muito "trabalho".
Efe
Joseph e Magda Goebbels em uma imagem da família
Adolf Hitler mudou sua forma de vestir e buscou assessoria em mulheres da alta sociedade alemã; além disso, viajava sempre com seu fotógrafo pessoal, Heinrich Hoffman, para que o imortalizasse nas poses mais favorecedoras.
Benito Mussolini, por sua vez, malhava para depois exibir o corpo em traje de banho nas praias de Riccioni perante suas inflamadas admiradoras vindas de toda a Itália, mas também de Alemanha, Iugoslávia e Hungria.
"Não há poder total se a metade da população não quiser. Por isso, eles tinham consciência de que seduzir as mulheres era muito importante e se esforçavam nisso", assinala a autora do livro "As Mulheres dos Ditadores".
E com grande sucesso. Segundo Diane, Adi - como chamavam na intimidade Adolf Hitler - recebeu mais cartas de admiradores que Mick Jagger e os Beatles juntos. Seu mais direto concorrente, o Duce (Mussolini), recebia entre 30 mil e 40 mil cartas por mês.
"Apesar de compartilhar um grande poder de sedução, eram muito diferentes. Mussolini tinha uma necessidade patológica de possuir fisicamente as mulheres, mas Hitler, por outro lado, ansiava influir nelas psicologicamente", explica a jornalista e historiadora.
Efe
Clara Petacci foi a última amante de Mussolini
O ditador português António de Oliveira Salazar se destaca como um "playboy religioso" e um "casanova discreto" que, ao contrário do complexado Stalin ou do infantil Mussolini, não parecia necessitado de reforçar sua virilidade.
Também houve ditadores de uma só mulher como o romeno Nicolae Ceausescu ou o espanhol Francisco Franco. No caso do primeiro, sua mulher, Elena, chegou a exercer uma grande influência sobre ele, "mas não ideológica". Para o ditador espanhol, o mais importante era sua carreira.
Neste livro, a jornalista se ocupa não só de esposas e amantes, mas também de admiradoras, musas e companheiras destes homens. São mulheres muito diferentes que compartilham um amor entregue e veemente que conduziu, em alguns casos, ao suicídio.
A autora distingue três tipos de mulheres. As que amam o homem mais que a sua vida; as que veem nele a encarnação de seus ideais e as que amam o poder.
As primeiras costumam ser mulheres jovens e belas, cuja personalidade se submete à vontade destes "ditadores psicológicos" que as levam a perder sua identidade. "Sofrem uma espécie de síndrome de Estocolmo", diz Diane.
Efe
Elena Ceausescu junto a seu marido Nicolae. Ela é, para a autora do livro, uma 'mulher de poder'
A este grupo pertenceriam as últimas amantes de Hitler e Mussolini, Eva Braun e Clara Petacci, que compartilharam com eles seu trágico fim. Clara teve a oportunidade de se salvar, mas preferiu compartilhar o triste destino de seu amante. "Aonde vai o mestre, vai o cachorro", chegou a dizer.
O segundo grupo é composto pelas intelectuais, com um papel vital na formação ideológica destes homens. São mulheres com caráter e personalidade como Margarida Sarfatti, amante de Musollini.
As "mulheres de poder" acompanham seus pares na ascensão, participam de seu poder e acabam amando este acima de tudo. Elena Ceausescu e Jian Qing, terceira esposa de Mao Tsé-tung, são "mulheres de poder".
As esquecidas
Um personagem surpreendente para Diane, é Inessa, a amante de Vladimir Lenin. Uma mulher brilhante e muito avançada para seu tempo que se apaixonou por um homem "contraditório e com uma mentalidade antiga".
"Ela me lembra uma heroína clássica. Viveu entregue a um homem cujo amor tinha que compartilhar com sua esposa, fez seus os sonhos dele, chegou a ser ministra de Agricultura e, jovem e exausta, morreu no exílio", comenta.
Efe
'Sem Margarida Sarfati (na foto) e Angelica Balabanoff, Mussolini não chegaria a ser o que foi', diz Diane
Mas se há um personagem que fascinou a autora acima de todos foi Magda Goebbels, à qual considera uma mistura dos três tipos de mulher.
"Era bela e amava profundamente o ideário nazista. Foi uma pessoa inteligente cuja opinião era muito estimada por Hitler, chegando a ser considerada a "prima-dona" do regime. Sua relação com o Führer é platônica mas brutal, cumpria todos seus desejos".
Casou-se com Goebbels porque assim o queria Hitler. Envenenou seus seis filhos e aceitou morrer pelas mãos de seu marido quando o regime nazista chegou a seu fim. "Por amor, realizou os maiores sacrifícios", diz a autora.
O período do entreguerras e o que seguiu à Segunda Guerra Mundial gerou muitas ditaduras na Europa. O conflito bélico serve para dar unidade às histórias e favorece o cruzamento de personagens como o de Angelica Balabanoff que tem um papel crucial nas vidas de Mussolini e Lenin.
Para seu segundo livro, que será lançado na França no próximo mês de fevereiro, a autora escolheu a Guerra do Iraque. As mulheres de Fidel Castro, Saddam Hussein, Khomeini, Kim Jong-il, Slobodan Milosevic e Bin Laden, terão então um papel de destaque.

Ditadura brasileira foi cérebro da repressão na América Latina

Internacional| 17/11/2011 | Copyleft
 

Ditadura brasileira foi cérebro da repressão na América Latina

A verdade sem rasuras. Na medida em que se tem acesso aos papéis da ditadura brasileira, mesmo àqueles com nomes cobertos por tarjas pretas, fica exposta a falsa história oficial sobre sua participação supostamente secundária e breve na Operação Condor. Documentos mostram que Brasil serviu como cérebro logístico da repressão na América Latina. Militares brasileiros espionaram, prenderam e entregaram cidadãos de outros países para "ditaduras amigas".

Documentos secretos obtidos pelo jornal Página 12 mostram que o regime militar iniciado em 1964 e concluído em 1985 no Brasil, um dos mais longevos da região, participou e propiciou a caçada perpetrada nos anos 70 contra todo foco de resistência, na América Latina e na Europa, ao terrorismo de Estado sul americano. Nos arquivos da inteligência brasileira há relatórios sobre as atividades do escritor Juan Gelman em Roma e sobre uma viagem que supostamente realizouem Madri "junto com Bidegain, Bonasso M. e outros dirigentes…no dia 17 de junho de 1978", descreve a nota incluída num dossiê do Estado Maior do Exército do Brasil, intitulado "Movimiento Peronista Montonero en el exterior, Accionar, Contactos, Conexiones con Grupos Terroristas, Antecedentes".

"Soube que fui espionado até pela Stasi (polícia política da Alemanha Oriental), mas ignorava que meu nome estivesse nos arquivos da ditadura brasileira, como você está me informando agora" se surpreende Juan Gelman do México, no começo da conversação telefônica.

Mais adiante, depois de conhecer outras informações escondidas durante décadas nos armários de Brasília, Gelman pondera: "enfim, a verdade é que não parece ser tão assombroso que meu nome figure nos documentos brasileiros que você citou, porque houve montoneros importantes seqüestrados aí, Horacio Campliglia foi um".

Ele se refere ao guerrilheiro desaparecido após ser capturado em março de 1980 por agentes de ambos os países no Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, para posteriormente ser transladado ao calabouço do Campo de Mayo.

"No Arquivo do Terror paraguaio estava guardado um telegrama enviado do Brasil falando sobre a coordenação com a Argentina e os raptos em 1980, isso foi descoberto por Stella Calloni, autora de um grande trabalho sobre a operação Condor", assinala o premio Nobel da Paz alternativo Martín Almada.

No dossiê do Exército brasileiro também existem detalhes sobre as tarefas dos exilados argentinos no México para conseguir o exílio do ex-presidente Héctor Cámpora, recluso em Buenos Aires, assim como dados sobre um encontro em Beirute, no dia 21 de junho de 1978, entre "chefes do Ejército Peronista Montoneros (com) os serviços especializados da resistência palestina".

Cruzados
Outras comunicações reservadas, estas procedentes da embaixada em Roma, falam das atividades desenvolvidas por religiosos brasileiros perante organismos internacionais de direitos humanos, operações que contavam com o aval da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, no seio da qual houve cardiais como Paulo Evaristo Arns que acolheu refugiados argentinos em São Paulo.

Pode-se observar nas notas elaboradas pelos diplomatas e agentes da Operação Condor brasileira uma preocupação recorrente com os religiosos ligados à Teologia da Libertação, tanto pelas pressões que esta realizava no Vaticano quanto pelo suposto "financiamento internacional" que receberiam as comunidades eclesiásticas radicadas em zonas rurais onde atuava a guerrilha do Partido Comunista de Brasil.

A obsessão sobre os efeitos "subversivos" dos padres "terceiro-mundistas" reaparece em uma ficha onde está escrito que os "Montoneros são a única organização guerrilheira que têm em seu seio, de forma oficial, sacerdotes com hierarquia de capelão".

Mais adiante o mesmo texto, por momentos apagado, traz informações do padre argentino Jorge Adur, que ostentava "o grau de capitão do Exército Montonero… organização que em julho de 78 enviou uma notificação ao Vaticano sobre sua designação".

O relatório, com carimbo do Exército brasileiro e supostamente escrito pelos serviços argentinos, está datado em setembro de 1978, quase dois anos antes da desaparição de Adur, ocorrida em junho de 1980, pouco depois de ter sido visto no estado do Rio Grande do Sul para onde viajara para apresentar denúncias diante da comitiva do papa João Paulo II.

(In)Segurança Nacional
Uma nota "confidencial", gerada pelo Serviço Nacional de Informações (SNI) e o Ministério do Exército, aborda a presença "de terroristas do ERP e Montoneros no Brasil", divaga sobre os motivos da "infiltração" argentina e ordena aos membros das forças armadas e da polícia que intensifiquem os esforços para capturá-los.

E em outro escrito restrito de 4 de abril de 78, o SNI, máximo organismo de espionagem subordinado diretamente à Presidência, indica que os Montoneros "voltariam a intensificar suas operações (na Argentina) durante a realização da Copa do Mundo, buscando afetar entidades governamentais …e interferir nas estações de rádio e televisão".

O balanço provisório surgido da leitura de centenas de telegramas e informes reservados é que o aparato repressivo dos ditadores, particularmente de Ernesto Geisel (que governou entre 1974 e 1979) e João Baptista Figueiredo (1979-1985), tipificava a guerrilha argentina como uma ameaça à "segurança nacional" brasileira (tal como comparece textualmente em algumas mensagens).

Daí se infere que a repressão ilegal contra os guerrilheiros dos Montoneros e do ERP e aqueles que fossem suspeitos de lhes dar apoio, respondia a uma política de Estado, com o qual fica desterrada a versão, muito divulgada até hoje aqui, de que os grupos de tarefas foram grupos desencaminhados, o que leva a crer na falsa tese de que a guerra suja ocorreu sem o aval dos altos comandos e foi o resultado da "desobediência indevida" de um punhado de oficiais.

A estratégia de espionar, informar, capturar e, eventualmente, eliminar estrangeiros no Brasil e compatriotas no exterior, foi aplicada sistematicamente pelo aparato militar-diplomático montado pouco depois do golpe contra o presidente democrático João Goulart em 1964, sustenta Martín Almada, descobridor dos Arquivos do Terror, o maior acervo de documentos da Operação Condor.

"Os brasileiros viam os demais países do cone sul como seu pátio dos fundos, e o queriam disciplinado dentro de seu plano de guerra ao comunismo, e em função dela seqüestraram e assassinaram dissidentes paraguaios, a pedido de (Alfredo) Stroessner, que lhes retribuiu fazendo a mesma coisa, colaborando na perseguição de brasileiros no Paraguai; vi vários telegramas vindos do Brasil pedindo a captura de Carlos Marighella (líder guerrilheiro)".

"O Brasil foi bem dissimulado, trabalhou com eficácia, sem deixar pistas dentro da Operação Condor, se articulou muito com as ditaduras do Chile, Paraguai, Uruguai, Bolívia, é lógico que deve haver bastante por descobrir sobre sua colaboração com a Argentina" declarou Almada em entrevista ao Página12, depois de oferecer uma coletiva diante de parlamentares em Brasília.

"Falta descobrir muita coisa, espero que esta Comissão da Verdade deslanche, acho que há vontade, a presidenta Dilma Rousseff mostrou coragem impulsionando-a, os brasileiros são responsáveis do que eu chamo de Pré-Condor, e disso não se sabe quase nada", sustenta Almada.

Certamente o "know how" da coordenação repressiva não surgiu em novembro de 1975, com a formalização da Operação Condor durante a cúpula secreta das forças repressivas estatais sul americanas em Santiago do Chile, encabeçada pelo coronel Manuel Contreras naquele país.

É provável que algumas das primeiras ações terroristas binacionais tenham ocorrido em Buenos Aires, em 1970 e 1971, quando, em duas operações coordenadas com o Brasil, foram seqüestrados, primeiro, o ex-coronel nacionalista Jefferson Cardim e, mais tarde, o guerrilheiro Edmur Péricles Camargo, até hoje desaparecido.

Segundo um telegrama com data de Buenos Aires em 1971, obtido pelo Página 12 no Arquivo Nacional, a captura de Péricles Camargo foi monitorada pela Embaixada brasileira, cujo titular era Antonio Francisco Azeredo da Silveira.

Houve outros brasileiros seqüestrados em 1973, sempre com o provável, para não dizer seguro, consentimento de Azeredo da Silveira, que depois de sua condescendência com o terrorismo regionalizado ascendeu a chanceler da ditadura e estabeleceu um vínculo extraordinariamente próximo com outro funcionário acusado de propiciar o genocídio sul americano: Henry Kissinger.

Alfredo Astiz

A ditadura brasileira sabia que Alfredo Astiz era procurado pela justiça francesa pelo assassinato de duas freiras, mas ainda assim realizou operações junto à Grã Bretanha para sua repatriação em 1982, revelou a Folha de São Paulo.

"Acho importante que se tenha publicado a informação sobre como o Brasil
intercedeu a favor de Astiz, e é fantástico que eu saiba disso no mesmo dia que aguardamos sua sentença em Buenos Aires" pela causa da ESMA, disse Juan Gelman por telefone, do México, na quarta-feira passada, quando em Brasília o Congresso, motivado pela presidenta Dilma Rousseff, aprovava a Comissão da Verdade, 26 anos depois que João Batista Figueiredo, o último ditador, deixara o poder.

O Palácio do Itamaraty foi informado por sua embaixada em Londres que Astiz era requerido pelos juízes da França e da Suécia, mas isso não freou a pressão para que fosse libertado, o que finalmente aconteceu em um avião que antes de decolar em Buenos Aires fez escala no Rio, e a bordo do qual viajou um diplomata brasileiro.

Telegramas do Serviço Exterior de 1982 tornados públicos pelo governo de Rousseff refletem o empenho com que o embaixador brasileiro em Londres, Roberto Campos, amigo do então chanceler argentino Nicanor Costa Mendes, trabalhou pela liberdade/impunidade de Astiz, prisioneiro das forças britânicas após se render na Geórgia do Sul.

Até hoje o relato oficial sobre a solidariedade brasileira com os generais e almirantes argentinos durante a guerra das Malvinas escondeu que sob o repentino antiimperialismo do ditador Figueiredo, que durante anos comandou os serviços de inteligência, se encontrava a solidariedade entre os camaradas da guerra suja transnacional.

Como explica Martín Almada, a partir dos anos 80 entrou em ação uma "nova fase da Operação Condor" que entre outras tarefas se atreviu a dar cobertura aos assassinos requeridos pela Justiça, e assim vários repressores argentinos fugiram para o Brasil e para o Paraguai nos anos 80, alguns alegando serem perseguidos políticos da democracia.

A recompilação de uma dezena de comunicados secretos gerados pela Embaixada do Brasil em Buenos Aires entre 1975 e 1978, ilustra sobre os contatos com os altos mandos militares em que se exibem coincidências na necessidade de atuar conjuntamente contra a "subversão".

Observa-se nesses documentos, até há pouco tempo secretos, uma recorrente menção à Marinha e considerações elogiosas sobre Eduardo Massera, como demonstra o "telegrama confidencial urgente" do dia 27 de julho de 1977.

Ali se fala de uma suposta viagem de Massera ao Rio de Janeiro como parte de sua agenda diplomática pessoal e da influência do marinheiro na política externa da ditadura, que esteve marcada pela aproximação com Brasília.

"Essa mulher"
O ex-prisioneiro da ESMA, Victor Basterra, declarou ao Página 12 que teve conhecimento do enlace entre esse centro de detenção clandestino da Armada e os serviços brasileiros.

Basterra,que realizou um extraordinário trabalho de contra inteligência sobre a repressão durante seus anos de cativeiro, lembra que na ESMA foi obrigado a montar cartazes com as fotos de Juan Gelman e do padre Jorge Adur, desaparecido em 1980, que foram enviados à fronteira com o Brasil.

A cooperação entre a ESMA e os organismos repressivos brasileiros se prolongou pelo menos até novembro de 1982, "isto me consta, tenho certeza de que foi assim", afirma o ex-prisioneiro político depois de citar datas e nomes com uma precisão que assombra.

O testemunho de Basterra e os telegramas enviados da Embaixada de Londres não deixam dúvidas de que Brasília esteve envolvida na Operação Condor, no plano repressivo e diplomático até 1982. O conluio começou poucos dias antes do golpe, no dia 18 de março de 1976 quando foi seqüestrado o pianista Francisco Tenório Cerqueira Santos, que havia participado em um espetáculo oferecido por Vinicius de Moraes e Toquinho no teatro Gran Rex.

A historiadora Janaína Teles conta com provas incontestáveis, datadas nos dias 20 e 25 de março de 1976 (teriam sido apresentadas perante a Justiça argentina), sobre a cumplicidade entre o regime brasileiro e a ESMA nesse crime.

Trata-se de duas notas enviadas à Embaixada do Brasil, assinadas por Jorge "Tigre" Acosta, que fazem referência à detenção e posterior morte do pianista.

Um dia depois do comunicado que a Marinha dirigiu à Embaixada em Buenos Aires, em 26 de março de 1976, a Sociedade Musical Brasileira requereu ao ditador Ernesto Geisel informações sobre Cerqueira Santos, e o Itamaraty respondeu que estava realizando "esforços" para dar com seu paradeiro, mas carecia de qualquer informação ao respeito.

Em 1979 a mítica Elis Regina dedicou seu disco "Essa Mulher" à memória do pianista assassinado.

(*) Versão especial produzida para a Carta Maior. Leia aqui o texto publicado no Página/12.

Tradução: Libório Junior

domingo, 30 de outubro de 2011

O Que É História - Vavy Pacheco Borges

O Que É História - Vavy Pacheco Borges



O Que É História - Vavy Pacheco Borges

Há muito que a História está, no Brasil, confinada à prisão das escolas e universidades. Encontra-se, pois, afastada de sua principal finalidade: levar o ser humano a refletir sobre as formas de vida e de organização social em todos os tempos e espaços, procurando compreender e explicar suas causas e implicações. E uma vez que presente e passado estão indissociavelmente ligados na História, o ensino e o estudo dessa disciplina se tornam imprescindíveis para o perfeito entendimento dos tempos modernos.

Download do livro: Clique aqui!

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Tratado Sobre A Tolerância: A Propósito Da Morte De Jean Calas - Voltaire

Tratado Sobre A Tolerância: A Propósito Da Morte De Jean Calas - Voltaire



Tratado Sobre A Tolerância: A Propósito Da Morte De Jean Calas - Voltaire

O Tratado sobre a Tolerância, de Voltaire, foi redigido em 1762 e teve como origem o famoso caso Jean Calas. Neste episódio Voltaire encontrou uma vez mais a oportunidade para encetar um novo combate pela liberdade. Esta lição de universidade, que continua válida ainda em nossos dias, é um magnífico testemunho sobre o iluminismo.
 
Download do livro

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Denúncia sobre possibilidade de má conduta em concurso público para Professor Assistente da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Edital n° 037/201

É preciso estarmos atentos e vigilantes sempre, pessoas de bem.
 E como diz a bíbia: "ORAI E VIGIAI  QUE  O MAL NÃO AVISA QDO VEM E O BEM TAMBÉM."

EXM°(ª) SR. (ª) DR. (ª) PROMOTOR(A) DE JUSTIÇA COORDENADOR(A)


Nós nos inscrevemos no Concurso Público Para Admissão de Professor Assistente da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Edital n° 037/201, concorrendo a uma vaga no Campus VI, na cidade de Caetité. Especificamente, para a Área/Matéria/Componente Curricular: História / Ásia / Cultura Documental e Patrimonial.  As provas se realizaram entre os dias 02 e 04 de outubro de 2011. As regras, bem como outras normas referentes ao Concurso Público Docente, estão dispostas no EDITAL Nº 037/2011, de 23 de junho de 2011, e na Resolução nº 809/2011 do CONSU, que é parte integrante deste Edital, disponível no site www.concursodocente.uneb.br.
Como previsto no Edital (em anexo), o concurso constou das seguintes provas (etapas), realizadas nesta ordem: 1) Prova escrita de caráter eliminatório; 2) Aula pública de caráter eliminatório, gravada para efeito de registro e avaliação; 3) Apresentação de Memorial; e 4) Prova de Títulos. Todas as etapas deveriam ser avaliadas por uma Banca Examinadora, composta de três professores que atendessem ao principio da isonomia, algo que deve reger a realização de qualquer concurso público. Ou seja, os professores da Banca, além de serem devidamente qualificados para essa tarefa (o que pode-se comprovar ou não através dos seus currículos), não podem ter relação direta com  nenhum dos candidatos. O descumprimento desse princípio é que motiva essa queixa:
A única candidata aprovada em todas as etapas tem relação de proximidade com dois membros da banca examinadora. A relação pode ser comprovada pelo currículo lattes e pelo diretório de grupos de pesquisa do CNPQ (em anexo), que demonstram participação da mesma em eventos organizados este ano com pessoas da Banca. A participação da mesma no grupo de pesquisa em que membros da Banca, além de participarem, também são membro integrante e líder. A atuação da candidata no Arquivo Público Municipal de Caetité, local de trabalho (ou atuação) também de dois dos professores membros da Banca (ver folder em anexo). A propósito, uma das professoras da Banca Examinadora esteve presente na Banca de Defesa de mestrado da candidata em questão.
Todos esses indícios levam a crer que a candidata tinha relação de proximidade com a Banca Examinadora, o que sugere a possibilidade de transmissão de informações privilegiadas sobre o concurso, tráfico de influências, bem como predileção por esta candidata, ferindo o principio de isonomia, que é um dos princípios fundamentais na organização e realização de um concurso público (ver princípios do Direito Administrativo Brasileiro, Constituição Federal, Constituição Estadual, Estatuto do Magistério).
Diferente do que foi feito nos dois concursos anteriores, organizados pela UNEB, a homologação das Bancas Examinadoras de Caetité não foi publicada na sua página do concurso na data prevista, dando margem à interpretação de que algo pudesse está sendo ocultado, para que os candidatos, de posse destas informações não pudessem entrar com recurso contra os membros da Banca.
Ainda, o concurso se destina ao preenchimento de uma vaga para duas áreas: História da Ásia e História Documental e Patrimonial. Nenhum dos professores que compuseram a Banca era especialista na área de Ásia ou tinham publicações e experiência corrente nessa área.
Na análise dos currículos lattes (ver Plataforma Lattes Cnpq) dos candidatos que compareceram para as provas de seleção, pode-se avaliar as suas trajetórias enquanto profissionais da educação e pesquisadores. Comparando o currículo da única candidata aprovada nas etapas (provas) da seleção, com os currículos dos quatro candidatos desclassificados, pode-se perceber a discrepância entre suas experiências como docente (no ensino fundamental, média e superior, inclusive em Pós-Graduação); suas publicações científicas e participação em eventos científicos; suas experiências com o conteúdo de História da Ásia, área que deve ser preenchida. Se comparado os currículos de candidatos e membros da Banca Examinadora, percebemos que uma das candidatas tem mais experiência com História da Ásia que os próprios membros da Banca. Se a vaga a ser preenchida é de História da Ásia e História Documental e Patrimonial, os pontos a serem sorteados durante a seleção deveriam ser cinco para cada área, mas não foi o que ocorreu, pois foram sete pontos para Historia Documental e somente três pontos para História da Ásia.
Vimos, portanto, solicitar a anulação do concurso com a nomeação de uma nova Banca Examinadora para essa vaga, ou a anulação dessa Banca Examinadora especificamente; solicitar a realização de um novo concurso, ou uma nova Banca; que o concurso seja realizado no campus de Salvador, que seja constituída uma nova Banca Examinadora para a área em questão, com outros membros que não possuam nenhuma relação com qualquer dos candidatos; que ao menos um dos três membros da nova Banca Examinadora seja especialista em História da Ásia; que somente um dos membros da Banca Examinadora seja do Departamento de História de Caetité, e que não tendo relação direta e tão próxima com qualquer dos candidatos, tenham condições, dentro do principio de isonomia, de avaliar os candidatos de maneira isenta.
Diante do exposto, solicitamos a intervenção deste Órgão Ministerial.

Vitória da Conquista, 06 de outubro de 2011.

__________________________
(Edileusa Santos Oliveira)
Rua João Miguel Lourenço, 821, Alto Maron, 45005080. leu_vc@yahoo.com.br, (77) 8808 3145. Vitória da Conquista – BA

EXM°(ª) SR. (ª)
Marcelo Ávila
Pró-Reitor- UNEB

 Nós nos inscrevemos no Concurso Público Para Admissão de Professor Assistente da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Edital n° 037/201, concorrendo a uma vaga no Campus VI, na cidade de Caetité. Especificamente, para a Área/Matéria/Componente Curricular: História / Ásia / Cultura Documental e Patrimonial.  As provas se realizaram entre os dias 02 e 04 de outubro de 2011. As regras, bem como outras normas referentes ao Concurso Público Docente, estão dispostas no EDITAL Nº 037/2011, de 23 de junho de 2011, e na Resolução nº 809/2011 do CONSU, que é parte integrante deste Edital, disponível no site www.concursodocente.uneb.br.
Como previsto no Edital, o concurso constou das seguintes provas (etapas), realizadas nesta ordem: 1) Prova escrita de caráter eliminatório; 2) Aula pública de caráter eliminatório, gravada para efeito de registro e avaliação; 3) Apresentação de Memorial; e 4) Prova de Títulos. Todas as etapas deveriam ser avaliadas por uma Banca Examinadora, composta de três professores que atendessem ao principio da isonomia, algo que deve reger a realização de qualquer concurso público. Ou seja, os professores da Banca, além de serem devidamente qualificados para essa tarefa (o que pode-se comprovar ou não através dos seus currículos), não podem ter relação direta com  nenhum dos candidatos. O descumprimento desse princípio é que motiva essa queixa:
A única candidata aprovada em todas as etapas tem relação de proximidade com dois membros da banca examinadora. A relação pode ser comprovada pelo currículo lattes e pelo diretório de grupos de pesquisa do CNPQ (em anexo), que demonstram participação da mesma em eventos organizados este ano com pessoas da Banca. A participação da mesma no grupo de pesquisa em que membros da Banca, além de participarem, também são membro integrante e líder. A atuação da candidata no Arquivo Público Municipal de Caetité, local de trabalho (ou atuação) também de dois dos professores membros da Banca (ver folder em anexo). A propósito, uma das professoras da Banca Examinadora esteve presente na Banca de Defesa de mestrado da candidata em questão.
Todos esses indícios levam a crer que a candidata tinha relação de proximidade com a Banca Examinadora, o que sugere a possibilidade de transmissão de informações privilegiadas sobre o concurso, tráfico de influências, bem como predileção por esta candidata, ferindo o principio de isonomia, que é um dos princípios fundamentais na organização e realização de um concurso público (ver princípios do Direito Administrativo Brasileiro, Constituição Federal, Constituição Estadual, Estatuto do Magistério).
Diferente do que foi feito nos dois concursos anteriores, organizados pela UNEB, a homologação das Bancas Examinadoras de Caetité não foi publicada na sua página do concurso na data prevista, dando margem à interpretação de que algo pudesse está sendo ocultado, para que os candidatos, de posse destas informações não pudessem entrar com recurso contra os membros da Banca.
Ainda, o concurso se destina ao preenchimento de uma vaga para duas áreas: História da Ásia e História Documental e Patrimonial. Nenhum dos professores que compuseram a Banca era especialista na área de Ásia ou tinham publicações e experiência corrente nessa área.
Na análise dos currículos lattes (ver Plataforma Lattes Cnpq) dos candidatos que compareceram para as provas de seleção, pode-se avaliar as suas trajetórias enquanto profissionais da educação e pesquisadores. Comparando o currículo da única candidata aprovada nas etapas (provas) da seleção, com os currículos dos quatro candidatos desclassificados, pode-se perceber a discrepância entre suas experiências como docente (no ensino fundamental, média e superior, inclusive em Pós-Graduação); suas publicações científicas e participação em eventos científicos; suas experiências com o conteúdo de História da Ásia, área que deve ser preenchida. Se comparado os currículos de candidatos e membros da Banca Examinadora, percebemos que uma das candidatas tem mais experiência com História da Ásia que os próprios membros da Banca. Se a vaga a ser preenchida é de História da Ásia e História Documental e Patrimonial, os pontos a serem sorteados durante a seleção deveriam ser cinco para cada área, mas não foi o que ocorreu, pois foram sete pontos para Historia Documental e somente três pontos para História da Ásia.
Vimos, portanto, solicitar a anulação do concurso com a nomeação de uma nova Banca Examinadora para essa vaga, ou a anulação dessa Banca Examinadora especificamente; solicitar a realização de um novo concurso, ou uma nova Banca; que o concurso seja realizado no campus de Salvador, que seja constituída uma nova Banca Examinadora para a área em questão, com outros membros que não possuam nenhuma relação com qualquer dos candidatos; que ao menos um dos três membros da nova Banca Examinadora seja especialista em História da Ásia; que somente um dos membros da Banca Examinadora seja do Departamento de História de Caetité, e que não tendo relação direta e tão próxima com qualquer dos candidatos, tenham condições, dentro do principio de isonomia, de avaliar os candidatos de maneira isenta.
Diante do exposto, solicitamos a intervenção desta Reitoria e comunicamos que já recorremos ao Ministério Público da Bahia. Aguardamos uma resposta desta respeitosa Casa (UNEB) para decidirmos quanto à necessidade de prosseguir com a queixa naquele Órgão Ministerial.

Vitória da Conquista, 06 de outubro de 2011.

__________________________
(Edileusa Santos Oliveira)
Rua João Miguel Lourenço, 821, Alto Maron, 45005080. leu_vc@yahoo.com.br, (77) 8808 3145. Vitória da Conquista – BA.



EXM°(ª) SR. (ª)
Lourisvaldo Valentim da Silva
Reitor - UNEB

EXM°(ª) SR. (ª)
Daniel Góes
Organizador do Concurso EDITAL Nº 037/2011 - UNEB

EXM°(ª) SR. (ª)
Marcelo Ávila
Pró-Reitor- UNEB

CHEGA DE APADRINHAMENTO NAS INSTITUIÇÕES PÚBLICOS. CONCURSOS COM ÉTICA E  LISURA JÁ.




quinta-feira, 20 de outubro de 2011

O Principe, de Nicolau Maquiavel

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Nicolau Maquiavel (1469-1527) escreveu O Príncipe em 1513. Vivia-se uma fase de transição do feudalismo para o capitalismo, o Renascimento. Em França e Espanha existia já o Estado-nação, mas em Itália permanecia ainda as cidades-Estado, que se encontravam em grande instabilidade política.
Interessado numa estabilização política e na unificação de Itália, o livro foi escrito como manual na arte de bem governar para a conquista e a manutenção do Poder por um chefe de Estado, e ofereceu-o a Lourenço de Médici – soberano de Florença.
O Príncipe distingue-se por ter sido a primeira obra que descreve a política como é, e não como deveria ser, ou por outras palavras, materialista e não idealista. A História é obra dos homens, e numa concepção laica, Maquiavel separa a moral religiosa da moral política, Deus e o Homem. Torna-se assim um dos primeiros cientistas políticos e um dos “pais” da ciência política.
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CLIQUE:  O livro em html  em pdf 

Filosofia da Educação - Maria Lúcia Arruda Aranha

Filosofia da Educação - Maria Lúcia Arruda Aranha



Filosofia da Educação - Maria Lúcia Arruda Aranha

Neste livro, além da problematização dos conceitos básicos, são explicitados os fundamentos antropológicos, epistemológicos e axiológicos que se encontram subjacentes a toda práxis, condição necessária para identificar a orientação das construções teóricas e tornar intencional a prática educativa. Com a seleção das principais teorias pedagógicas, desde as tradicionais até as mais contemporâneas, é oferecida a oportunidade de se analisar como aqueles conceitos têm sido aplicados de modo variado nas diversas tendências.

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domingo, 16 de outubro de 2011

O Que é Educação - Carlos Rodrigues Brandão

O Que é Educação - Carlos Rodrigues Brandão



O Que é Educação - Carlos Rodrigues Brandão

"Ninguém escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo ou de muitos todos nós envolvemos pedaços da vida com ela: para aprender, para ensinar, para aprender-e--ensinar. Para saber, para fazer, para ser ou para conviver, todos os dias misturamos a vida com a educação. Com uma ou com várias: educação? Educações. E já que pelo menos por isso sempre achamos que temos alguma coisa a dizer sobre a educação que nos invade a vida, por que não começar a pensar sobre ela com o que uns índios uma vez escreveram?"

A obra de Carlos Brandão trata de uma temática da qual necessitamos entender dentro do processo de formação que nos encontramos. O entendimento do termo Educação através da História da humanidade encontra-se em extrema necessidade, pois a Educação estar conosco em todos os lugares, de acordo com o texto estudado.

Download do livro: Clique aqui!

O Novo Século (Entrevista a Antonio Polito) - Eric Hobsbawm

O Novo Século (Entrevista a Antonio Polito) - Eric Hobsbawm



O Novo Século (Entrevista a Antonio Polito) - Eric Hobsbawm

Eric Hobsbawm olha agora para o futuro em entrevista ao jornalista italiano Antonio Polito. O que nos reserva este novo século que estamos começando a viver? Como serão as novas guerras? De que maneira resolveremos problemas como a degradação do ambiente e o explosivo crescimento demográfico? Afinal, que tipo de mundo iremos legar aos nossos filhos?
Com a lucidez e a erudição que fizeram dele um dos mais renomados historiadores vivos, Hobsbawm, que nasceu no Egito e vive na Inglaterra, reflete sobre perguntas como essas e mostra que pensar os novos tempos ou o que será de nossas vidas nas próximas décadas não se resume a um mero exercício de futurologia.

Download do livro:

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

SUS exige verba mas mídia vende tributação insuportável, diz Jatene

Em novo livro, diretor do Incor e ex-ministro da Saúde, Adib Jatene, diz que tecnologia impôs grandes mudanças à medicina em 40 anos. Frente a custos maiores e novo perfil epidemiológico do país, Sistema Único de Saúde precisa dobrar recursos. 'Esse é o grande problema', diz Jatene em entrevista exclusiva. 'Mídia faz população acreditar que carga tributária é insuportável.'

BRASÍLIA – O diretor geral do Instituto do Coração (Incor) e ex-ministro da Saúde, Adib Jatene, lançou nos últimos dias, em dobradinha com o atual ministro, Alexandre Padilha, o livro “40 anos de medicina. O que mudou”. São 200 páginas abrangendo a experiência de metade de uma vida que Jatene, aos 82 anos, sintetiza apontando a tecnologia como principal elemento transformador.

O avanço tecnológico levou à descoberta de novos tratamentos, permitiu diagnósticos melhores, praticamente erradicou doenças. Mas também afetou a relação entre paciente e médico, que se tornou mais impessoal. E encareceu custos na medicina, exigindo cada vez mais investimentos de um Estado que assumiu o compromisso constitucional de dar saúde gratuita para toda a população.

O problema dos custos é de difícil solução, na opinião de Jatene, porque o debate sobre o financiamento do Sistema Único de Saúde (SUS) tornou-se um tabu duro de quebrar.

"Quem controla a mídia faz a população acreditar que a carga tributária é insuportável", disse o médico à Carta Maior. "Mas, se você tirar a Previdência Social do orçamento, e a Previdência é um dinheiro dos aposentados que o governo apenas administra, vai ver que a nossa carga tributária está abaixo de 30%. É pouco para um país como o Brasil."

O leitor confere a seguir os principais trechos da breve entrevista exclusiva, concedida por telefone na última segunda-feira (19), antes de os deputados derrubarem a criação de um novo imposto para custear a saúde pública no Brasil.

Como o senhor resumiria o livro: o que mudou na medicina em 40 anos?


Jatene: O que mudou é realmente a tecnologia. Não só no Brasil, mas no mundo inteiro. O diagnóstico à distância, por meio de exames, afastou o médico dos pacientes, a conversa ficou abreviada.

Mas a tecnologia também dever ter ajudado, não?

Jatene: Ajudou muito, criou vacinas contra poliomelite, sarampo. Hoje, são doenças que não existem mais. E também criou técnicas menos invasivas.

O perfil epidemiológico do brasileiro mudou muito também? Isso tem impacto nos custos da saúde, que ficam maiores?


Jatene: Claro, esse é o grande problema.

E O SUS, que está fazendo 21 anos, está preparado para essa nova situação?

Jatene: É preciso que as pessoas entendam aritmética: é preciso ter recursos. Eu estimo que o orçamento do SUS precise dobrar, mas não há nenhuma possibilidade de dobrar.

Então o senhor é a favor de um novo tributo?

Jatene: Quando estive no governo, eu defendi a CPMF. Mas não estou mais. Apontar as fontes de financiamento não é responsabilidade minha, mas do governo e do Congresso.

Com essa sua experiência de médico e gestor, o que o senhor diria que conta mais para melhorar a saúde no Brasil: gestão ou financiamento?

Jatene: As duas coisas ao mesmo tempo são importantes. Já avançamos muito na gestão, os grandes hospitais de São Paulo, por exemplo, buscam gestores públicos. Mas faltam recursos.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

As consequências para o mundo do declínio dos Estados Unidos


As consequências para o mundo do declínio dos Estados Unidos

Há uma década, quando eu e alguns outros falamos do declínio dos EUA no sistema-mundo, recebemos, no melhor caso, sorrisos condescendentes pela nossa ingenuidade. Não eram os Estados Unidos a única superpotência, com envolvimento em cada canto remoto do planeta, e impondo as suas posições na maior parte das vezes? Esta visão era partilhada por todo o espectro político. O artigo é de Immanuel Wallerstein.

Hoje, a opinião de que os Estados Unidos estão em declínio, em sério declínio, é uma banalidade. Todos o dizem, excepto uns poucos políticos norte-americanos que temem ser recriminados pelas más notícias da decadência se forem discuti-la. O fato é que hoje quase todos acreditam na realidade do declínio.

Mas o que se discute muito menos é quais têm sido e serão as consequências mundiais deste declínio. Este tem, evidentemente, raízes econômicas. Mas a perda de um quase-monopólio do poder geopolítico, que os Estados Unidos já exerceram, tem as mais importantes consequências políticas em todo o lado.

Comecemos com uma pequena história contada na secção de negócios do The New York Times de 7 de agosto. Um gerente financeiro de Atlanta “carregou no botão pânico” devido a dois clientes que lhe ordenaram que vendesse todas as suas ações e investisse o dinheiro num isolado fundo mútuo. O gerente disse que, em 22 anos como agente de negócios, nunca tinha recebido uma ordem como esta. “Isto não tinha precedentes”. O jornal observou que a ordem era o equivalente à “opção nuclear”. Ia contra o santificado conselho tradicional de uma “abordagem ponderada” às reviravoltas do mercado.

A Standard & Poor's reduziu o rating dos Estados Unidos de AAA para AA+, o que também é “sem precedentes”. Mas tratou-se de uma ação bastante suave. A agência equivalente na China, a Dagong, já tinha reduzido a notação financeira, em novembro passado, para A+, e agora reduziu-a para A-. O economista peruano Oscar Ugarteche declarou que os Estados Unidos são uma “República das bananas”. Disse que os EUA “optaram pela política da avestruz, esperando com isso não afugentar as esperanças [de melhoria].” Reunidos em Lima, os ministros das Finanças da América do Sul tiveram um debate urgente sobre como se protegerem melhor dos efeitos do declínio econômico dos EUA.

O problema de todos é que é muito difícil isolar-se destes efeitos. Apesar da severidade do seu declínio econômico e político, os Estados Unidos permanecem um gigante na cena mundial, e qualquer coisa que lá aconteça ainda provoca grandes ondas em todo o lado.

É certo que o maior impacto do declínio dos EUA é e continuará a ser sofrido nos próprios Estados Unidos. Políticos e jornalistas estão a falar abertamente da “desfuncionalidade” da situação política dos EUA. Mas o que mais poderia ser, além de desfuncional? O fato mais elementar é que os cidadãos dos EUA estão atordoados pela simples existência do declínio.

Não se trata apenas de os cidadãos dos EUA estarem sofrendo materialmente com o declínio, e terem um temor profundo de virem a sofrer ainda mais com o tempo. A questão é que acreditavam profundamente que os Estados Unidos são a “nação escolhida”, designada por Deus ou pela história para ser a nação modelo do mundo. Ainda estão a receber a garantia do presidente Obama de que os Estados Unidos são um país AAA.

O problema para Obama e para todos os políticos é que muito pouca gente ainda acredita nisso. O choque para o orgulho nacional e a auto-imagem é formidável, e também é muito abrupto. O país está lidando muito mal com esse choque. A população está à procura de bodes expiatórios e a fustigar feroz e não muito inteligentemente os presumíveis culpados. A última esperança parece ser a de alguém ser culpado, e o remédio mudar as pessoas que têm autoridade.

Em geral, as autoridades federais são vistas como as únicas responsáveis –o presidente, o Congresso, os dois maiores partidos. A tendência é muito forte no sentido de haver mais armas a nível individual e uma redução do envolvimento militar fora dos Estados Unidos. Culpar de tudo os políticos de Washington leva à volatilidade política e a lutas intestinas locais cada vez mais violentas. Eu diria que os Estados Unidos são hoje uma das menos estáveis entidades políticas no sistema-mundo.

Isso faz dos Estados Unidos não só uma nação cujas lutas políticas são desfuncionais, mas também um país incapaz de exercer muito poder real no cenário mundial. Assim, há uma grande queda na credibilidade dos Estados Unidos e do seu presidente por parte de tradicionais aliados externos, e por parte da base política doméstica do presidente. Os jornais estão cheios de análises dos erros políticos de Barack Obama. Quem pode contradizê-los? Eu poderia fazer facilmente uma lista de dezenas de decisões de Obama que, na minha opinião, estavam errados, foram covardes, e às vezes francamente imorais. Mas pergunto-me: se ele tivesse decidido de acordo com o que pensa a sua base, o resultado teria sido muito diferente?

O declínio dos Estados Unidos não é o resultado de más decisões do seu presidente, mas de realidades estruturais no sistema-mundo. Obama pode ser ainda o indivíduo mais poderoso do planeta, mas nenhum presidente dos Estados Unidos é ou poderia ser hoje tão poderoso quanto os presidentes do passado.

Entrámos numa era de agudas, constantes e rápidas flutuações – nas taxas de câmbio da moeda, nos índices de emprego, nas alianças geopolíticas, nas definições ideológicas da situação. A extensão e a rapidez destas flutuações leva à impossibilidade de previsões a curto prazo. E sem alguma estabilidade razoável das previsões de curto prazo (três anos ou mais), a economia-mundo paralisa-se. Todos terão de ser mais protecionistas e virados para dentro. E os padrões de vida vão cair. Não é uma imagem bonita. E, embora haja muitos, muitos aspectos positivos para muitos países devido ao declínio dos EUA, não é certo que, com o barco do mundo a balançar ferozmente, outros países sejam de facto capazes de lucrar aquilo que esperam desta nova situação.

É tempo de fazer análises de longo prazo muito mais sóbrias, de fazer julgamentos morais muito mais claros sobre o que a análise revela, e de realizar uma ação política muito mais eficaz no esforço de, nos próximos 20-30 anos, criar um sistema-mundo melhor do que aquele em que estamos todos enredados hoje.

(*) Tradução, revista pelo autor, de Luis Leiria para o
Esquerda.net