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quinta-feira, 29 de setembro de 2011

As consequências para o mundo do declínio dos Estados Unidos


As consequências para o mundo do declínio dos Estados Unidos

Há uma década, quando eu e alguns outros falamos do declínio dos EUA no sistema-mundo, recebemos, no melhor caso, sorrisos condescendentes pela nossa ingenuidade. Não eram os Estados Unidos a única superpotência, com envolvimento em cada canto remoto do planeta, e impondo as suas posições na maior parte das vezes? Esta visão era partilhada por todo o espectro político. O artigo é de Immanuel Wallerstein.

Hoje, a opinião de que os Estados Unidos estão em declínio, em sério declínio, é uma banalidade. Todos o dizem, excepto uns poucos políticos norte-americanos que temem ser recriminados pelas más notícias da decadência se forem discuti-la. O fato é que hoje quase todos acreditam na realidade do declínio.

Mas o que se discute muito menos é quais têm sido e serão as consequências mundiais deste declínio. Este tem, evidentemente, raízes econômicas. Mas a perda de um quase-monopólio do poder geopolítico, que os Estados Unidos já exerceram, tem as mais importantes consequências políticas em todo o lado.

Comecemos com uma pequena história contada na secção de negócios do The New York Times de 7 de agosto. Um gerente financeiro de Atlanta “carregou no botão pânico” devido a dois clientes que lhe ordenaram que vendesse todas as suas ações e investisse o dinheiro num isolado fundo mútuo. O gerente disse que, em 22 anos como agente de negócios, nunca tinha recebido uma ordem como esta. “Isto não tinha precedentes”. O jornal observou que a ordem era o equivalente à “opção nuclear”. Ia contra o santificado conselho tradicional de uma “abordagem ponderada” às reviravoltas do mercado.

A Standard & Poor's reduziu o rating dos Estados Unidos de AAA para AA+, o que também é “sem precedentes”. Mas tratou-se de uma ação bastante suave. A agência equivalente na China, a Dagong, já tinha reduzido a notação financeira, em novembro passado, para A+, e agora reduziu-a para A-. O economista peruano Oscar Ugarteche declarou que os Estados Unidos são uma “República das bananas”. Disse que os EUA “optaram pela política da avestruz, esperando com isso não afugentar as esperanças [de melhoria].” Reunidos em Lima, os ministros das Finanças da América do Sul tiveram um debate urgente sobre como se protegerem melhor dos efeitos do declínio econômico dos EUA.

O problema de todos é que é muito difícil isolar-se destes efeitos. Apesar da severidade do seu declínio econômico e político, os Estados Unidos permanecem um gigante na cena mundial, e qualquer coisa que lá aconteça ainda provoca grandes ondas em todo o lado.

É certo que o maior impacto do declínio dos EUA é e continuará a ser sofrido nos próprios Estados Unidos. Políticos e jornalistas estão a falar abertamente da “desfuncionalidade” da situação política dos EUA. Mas o que mais poderia ser, além de desfuncional? O fato mais elementar é que os cidadãos dos EUA estão atordoados pela simples existência do declínio.

Não se trata apenas de os cidadãos dos EUA estarem sofrendo materialmente com o declínio, e terem um temor profundo de virem a sofrer ainda mais com o tempo. A questão é que acreditavam profundamente que os Estados Unidos são a “nação escolhida”, designada por Deus ou pela história para ser a nação modelo do mundo. Ainda estão a receber a garantia do presidente Obama de que os Estados Unidos são um país AAA.

O problema para Obama e para todos os políticos é que muito pouca gente ainda acredita nisso. O choque para o orgulho nacional e a auto-imagem é formidável, e também é muito abrupto. O país está lidando muito mal com esse choque. A população está à procura de bodes expiatórios e a fustigar feroz e não muito inteligentemente os presumíveis culpados. A última esperança parece ser a de alguém ser culpado, e o remédio mudar as pessoas que têm autoridade.

Em geral, as autoridades federais são vistas como as únicas responsáveis –o presidente, o Congresso, os dois maiores partidos. A tendência é muito forte no sentido de haver mais armas a nível individual e uma redução do envolvimento militar fora dos Estados Unidos. Culpar de tudo os políticos de Washington leva à volatilidade política e a lutas intestinas locais cada vez mais violentas. Eu diria que os Estados Unidos são hoje uma das menos estáveis entidades políticas no sistema-mundo.

Isso faz dos Estados Unidos não só uma nação cujas lutas políticas são desfuncionais, mas também um país incapaz de exercer muito poder real no cenário mundial. Assim, há uma grande queda na credibilidade dos Estados Unidos e do seu presidente por parte de tradicionais aliados externos, e por parte da base política doméstica do presidente. Os jornais estão cheios de análises dos erros políticos de Barack Obama. Quem pode contradizê-los? Eu poderia fazer facilmente uma lista de dezenas de decisões de Obama que, na minha opinião, estavam errados, foram covardes, e às vezes francamente imorais. Mas pergunto-me: se ele tivesse decidido de acordo com o que pensa a sua base, o resultado teria sido muito diferente?

O declínio dos Estados Unidos não é o resultado de más decisões do seu presidente, mas de realidades estruturais no sistema-mundo. Obama pode ser ainda o indivíduo mais poderoso do planeta, mas nenhum presidente dos Estados Unidos é ou poderia ser hoje tão poderoso quanto os presidentes do passado.

Entrámos numa era de agudas, constantes e rápidas flutuações – nas taxas de câmbio da moeda, nos índices de emprego, nas alianças geopolíticas, nas definições ideológicas da situação. A extensão e a rapidez destas flutuações leva à impossibilidade de previsões a curto prazo. E sem alguma estabilidade razoável das previsões de curto prazo (três anos ou mais), a economia-mundo paralisa-se. Todos terão de ser mais protecionistas e virados para dentro. E os padrões de vida vão cair. Não é uma imagem bonita. E, embora haja muitos, muitos aspectos positivos para muitos países devido ao declínio dos EUA, não é certo que, com o barco do mundo a balançar ferozmente, outros países sejam de facto capazes de lucrar aquilo que esperam desta nova situação.

É tempo de fazer análises de longo prazo muito mais sóbrias, de fazer julgamentos morais muito mais claros sobre o que a análise revela, e de realizar uma ação política muito mais eficaz no esforço de, nos próximos 20-30 anos, criar um sistema-mundo melhor do que aquele em que estamos todos enredados hoje.

(*) Tradução, revista pelo autor, de Luis Leiria para o
Esquerda.net

domingo, 25 de setembro de 2011

VIAGEM A DIAMANTINA TERRA DE JK E CHICA DA SILVA fHist - Festival de História.

Bom dia pessoas,
Seguinte, o ônibus para a viagem a Diamantina saiu.
Como já havíamos informado antes do sorteio de vagas, não temos o lugar definido para ficarmos.
Então, as pessoas contempladas por favor, procurem se informar a cerca de hospedagens.
Estamos Tentando encontrar um lugar onde possa ficar um maior número de pessoas do grupo que vai.
Caso tenhamos alguma informação entraremos em contato por e-mail.
Ainda não definimos o local de saída do ônibus, sexta - feira dia 7/10. Peço a todos que fiquem atentos aos seus e-mails.
Quem quiser, responda para dahistoriauneb@yahoo.com.br com número de telefone para que entremos em contato.
No mais a gente vai se falando.
Saudações Unebianas.
Neide, Dandara

OBS: Se tudo der certo nos acompanharão as professoras Joceneide, Célia, Sandra Barbosa e Sandra Gama.


Segue aí DICAS do Ronaldo Oliveira:

Estão abertas as inscrições para o fHist - Festival de História. Seguem algumas dicas para os participantes:
COMO CHEGAR
De carro
• Portal do Vale do Jequitinhonha, ao Norte de Minas, Diamantina está situada a 292 quilômetros de Belo Horizonte. Basta seguir pela pista dupla da BR 040 da capital mineira, sentido Brasília, até o trevo da BR 135, entrando à esquerda em direção a Curvelo. No primeiro trevo desta cidade, entra-se à direita até a BR 259, seguindo até Diamantina.
• De São Paulo, a melhor opção é seguir a BR 381 (Rodovia Fernão Dias) até Belo Horizonte, seguindo-se daí para Diamantina.
• Do Rio de Janeiro, o caminho é pela BR 040 até Belo Horizonte e desta cidade até Diamantina.
• De Brasília e de Goiânia, basta seguir pela BR 040 até Felixlândia, cidade situada após a barragem de Três Marias, daí seguindo até Curvelo e depois Diamantina.

Principais distâncias
• Belo Horizonte - 292 Km
• São Paulo - 881 Km
• Rio de Janeiro - 732 Km
• Brasília - 724 Km
Quem estiver com mais tempo na ida ou na volta do fHist, uma bela opção é fazer a viagem Belo Horizonte - Diamantina pela Serra do Cipó. Da capital mineira, basta seguir pela autopista que leva ao Aeroporto Internacional de Confins, entrando à direita no trevo de Lagoa Santa. Pela MG 010, chega-se à Serra do Cipó, seguindo-se a partir daí para Conceição do Mato Dentro e Serro. Desta última cidade, segue-se para Diamantina pela estrada asfaltada da BR 259 ou por um dos mais belos trechos do Caminho dos Diamantes da Estrada Real, que passa pelos bucólicos povoados de Milho Verde, São Gonçalo do Rio das Pedras e Vau.        

De ônibus
• A empresa Pássaro Verde oferece vários horários de ônibus diariamente para Diamantina, saindo da Rodoviária de Belo Horizonte.
Informações: www.passaroverde.com.br
• A empresa Gontijo tem ônibus partindo de São Paulo.
Informações: www.gontijo.com.br

De avião
• A Trip Linhas Aéreas oferece vôos de Belo Horizonte para Diamantina, saindo do Aeroporto da Pampulha.
Informações: www.voetrip.com.br
ONDE FICAR
Diamante Palace Hotel
Avenida Doutor Sílvio Felício dos Santos, nº 1050
Fone: (38) 3531-1561
www.diamantepalace.com.br

Hotel Fazenda Estância do Salitre
Estrada de Curralinho, em frente à Gruta do Salitre.
Fone: (38) 3531-1526
www.estanciadosalitre.com.br

Hotel Montanha de Minas
Rua Romana, nº 264
Fone: (38) 3531-3240

Hotel Ribeirão das Pedras
Fone: (38) 8816-1316 / (38) 8825-1443
www.hotelribeiraodaspedras.com.br

Hotel do Tijuco
Rua Macau de Baixo, nº 211
Fone: (38) 3531-1022
www.hoteltijuco.com.br

Pousada Caminho dos Escravos
Rua Acaiaca, nº 5
Fone: (38) 3531-6416
www.pousadacaminhodosescravos.com.br

Pousada Capistrana
Rua Campos Carvalho, nº 35
Fone: (38) 3531-6560
www.pousadacapistrana.com.br

Pousada Castelinho
Rua das Rosas, nº 65
Fone: (38) 3531-1607
www.pousadacastelinho.com

Pousada da Seresta
Rua Jogo da Bola, nº 415
Fone: (38) 3531-2368
www.pousadadaseresta.com.br

Pousada dos Cristais
Rua Jogo da Bola, nº 53
Fone: (38) 3531-3923
www.pousadadoscristais.com.br

Pousada do Garimpo
Avenida da Saudade, nº 265
Fone: 3531-1044
www.pousadadogarimpo.com.br

Pousada Ouro de Minas
Rua do Amparo, nº 90
Fone: (38) 3531-2306
www.pousadaourodeminas.com

Pousada Relíquias do Tempo
Rua Macau de Baixo, nº 104
Fone: (38) 3531-1627
www.pousadareliquiasdotempo.com.br

Pousada Sempre Viva
Rua Augusto Nelson, nº 117
Fone: (38) 3531-1043
www.pousadasempreviva.tur.br

Pousada da Seresta
Rua Jogo da Bola, nº 415
Fone: (38) 3531-2368
www.pousadadaseresta.com.br

Pousada Vila das Pedras
Fone: (38) 8808-8080
www.viladaspedras.ppg.br

Pousada Vila do Imperador
Rua do Rosário, nº 71
Fone: (38) 3531-3061

Pouso da Chica
Rua Macau de Cima, nº 115
Fone: (38) 3531-6190
www.pousodachica.com.br

AÇÃO DO DA HISTÓRIA

O  DA de História, através da sua coordenadora Dandara Silva, negociou  com o Colegiado,  para que fosse ofertada a disciplina de  "Produção de Textos" na turma de quarto semestre, do segundo semestre  2011-2, sendo prontamente atendida pelo diretor do colegiado professor Francisco Cancela.
Militância é isso! Da luta não nos retiraremos nunca.

sábado, 24 de setembro de 2011

EUA e seus aliados europeus estão presos em um pântano,

EUA e seus aliados europeus estão presos em um pântano, diz Tariq Ali

Um década depois dos atentados do 11 de Setembro, os EUA e os seus aliados europeus estão presos num pântano. Tirando a retórica de Obama, pouco divide esta administração da sua predecessora. Enquanto isso, os bons cidadãos da Euro-América que se opõem às guerras feitas pelos seus governos evitam olhar para os mortos, feridos e órfãos do Iraque e do Afeganistão, da Líbia e do Paquistão... a lista continua a crescer. O artigo é de Tariq Ali.

'Um soberano é aquele que decide em caso de exceção,' escreveu Carl Schmitt em tempos diferentes, quase há um século, quando os impérios e exércitos europeus dominavam a maioria dos continentes e os EUA desfrutavam de um sol isolacionista. O que o teórico conservador queria dizer com 'exceção' era um estado de emergência, necessário devido a cataclismos econômicos ou políticos, que requeriam a suspensão da Constituição, repressão interna e guerra no estrangeiro.

Um década depois dos atentados do 11 de setembro, os EUA e os seus aliados europeus estão presos num pântano. Os eventos daquele ano foram usados como um pretexto para refazer o mundo e punir os que não obedecessem. Hoje, enquanto a maioria dos cidadão euro-americanos vagueia por um deserto moral, infelizes com as guerras, propagandeadas como algo diferente do que realmente são: uma estratégia imperial abrangente, o General Petraeus (atualmente a comandar a CIA) diz-nos: “Temos de reconhecer também que não que vamos ganhar esta guerra. Penso que continuaremos a lutar. É um pouco como o Iraque, na verdade... Sim, tem havido enormes progressos no Iraque. Mas ainda existem ataques horríveis, e temos de continuar vigilantes. Temos de ficar depois de acontecerem. Este é o tipo de luta em que estamos para o resto das nossas vidas e provavelmente das vidas dos nossos filhos.” Assim fala a voz do poder soberano, determinando que, neste caso, a exceção é a regra.

Embora não concorde com a sua resposta, o filósofo alemão Jürgen Habermas colocou uma questão importante: 'Será que o universalismo que nós atribuímos aos direitos humanos apenas esconde um instrumento sutil e enganador da dominação ocidental?' 'Sutil' poderia ser apagado. As experiências nos territórios ocupados falam por si próprias. Dez anos de guerra contínua no Afeganistão, um impasse sangrento e brutal com um regime marionete e corrupto cujo presidente e sua família enchem os bolsos com ganhos duvidosos e um exército EUA/OTAN incapaz de derrotar os insurgentes.

Agora, estes atacam à vontade, assassinando o irmão corrupto de Karzai, acabando com os seus principais colaboradores e atingindo pessoal-chave da inteligência da OTAN via terrorismo suicida ou derrubando helicópteros. Entretanto, nos bastidores, sessões prolongadas de negociações entre os EUA e os neo-taliban têm ocorrido desde há vários anos. O objetivo revela desespero. A OTAN e Karzai estão desesperados por recrutar os taliban para um novo governo nacional.

Políticos conservadores e liberais euro-americanos que formam a estrutura das elites governantes e declaram acreditar em moderação, tolerância e fazer guerras para impor os mesmos valores nos Estados re-colonizados ainda estão cegos pela sua situação e não conseguem ver o que está escrito na parede. Não obstante a sua piedosa renúncia à violência terrorista, não têm problemas em defender a tortura, as prisões ilegais, o assassínio de indivíduos, estados de exceção ilegítimos para que possam prender qualquer um indefinidamente e sem julgamento. Entretanto, os bons cidadãos da Euro-América que se opõem às guerras feitas pelos seus governos evitam olhar para os mortos, feridos e órfãos do Iraque e do Afeganistão, da Líbia e do Paquistão... a lista continua a crescer.

A guerra – jus beli – é agora um instrumento legítimo conquanto seja usado com a aprovação dos EUA e de preferência usado pelas suas tropas. Hoje em dia, é apresentada como uma necessidade “humanitária”: um lado está ocupado a cometer crimes, o lado moralmente superior está simplesmente a administrar a punição necessária; e nega-se a soberania ao Estado a derrotar. A sua substituição é cautelosamente policiada tanto através de bases militares como através de uma combinação de ONGs e dinheiro. Esta colonização ou dominação do século XXI é auxiliada pelas redes midiáticas globais, um pilar essencial para conduzir operações políticas e militares.

Comecemos pela segurança interna nos EUA. Contrariamente ao que muitos liberais imaginavam em novembro de 2008, a degradação da cultura política americana continua rapidamente. Em vez de inverter a tendência, o advogado-presidente e a sua equipa aceleraram o processo. Houve mais deportações de imigrantes do que no mandato de Bush; poucos prisioneiros detidos sem julgamento foram libertados de Guantánamo, uma instituição que o advogado-presidente prometeu encerrar; o Patriot Act e o seu conteúdo sobre o que constitui um amigo ou inimigo foi renovado, começou uma nova guerra na Líbia sem a aprovação do Congresso, utilizando como desculpa o fato de os bombardeios sobre um Estado soberano não constituírem um ato hostil; os denunciadores estão a ser vigorosamente perseguidos e por aí adiante – a lista cresce a cada dia que passa.

A política e o poder apagam tudo o resto. Os liberais que ainda acreditam que a administração Bush transcendeu a lei enquanto que os Democratas são exemplo de conduta estão cegos pelo tribalismo político. Tirando a retórica de Obama, pouco divide esta administração da sua predecessora. Ignorem, por um momento, o poder dos políticos e dos propangadistas para impor os seus tabus e preconceitos sobre a sociedade americana em geral, um poder muitas vezes usado agressiva e vindicativamente para calar a oposição em qualquer lado – Bradley Manning, Thomas Drake (libertado após uma grande indignação dos média liberais), Julian Assange, Stephen Kim, que estão a ser tratados como criminosos, inimigos públicos, sabem melhor do que ninguém.

Nada mostra melhor esta degradação do que o assassinato de Osama Bin Laden em Abbotabad. Poderia ter sido capturado e levado a tribunal, mas essa nunca foi a intenção. O humor liberal foi espelhado pelos cântico ouvidos em Nova Iorque: U-S-A. U-S-A. Obama apanhou Osama. Obama apanhou Osama. Não podes derrotar-nos (aplausos). Não podes derrotar-nos. Linchem o Bin-Laden. Linchem o Bin Laden.

Isto foi repetido numa linguagem mais diplomática pelos líderes da Europa, parceiros júniores na família imperial das nações, incapaz de auto-determinação. Vênias e hipocrisia tornaram-se o cunho da cultura política.

Vejamos o exemplo da Líbia, o último caso da 'intervenção humanitária'. A intervenção EUA-OTAN na Líbia, com a cobertura do Conselho de Segurança das Nações Unidas, é parte de um resposta orquestrada para demonstrar apoio a um movimento contra um ditador em particular e assim terminar as rebeliões árabes, colocando-as sob controle ocidental, confiscando a sua impetuosidade e espontaneidade e tentando restaurar o status quo ante. Como é agora evidente, os britânicos e os franceses gabam-se do seu sucesso e que controlarão as reservas de petróleo líbias como pagamento de seis meses de campanha de bombardeamentos.

Entretanto, os aliados de Obama no mundo árabe prometeram trabalhar arduamente para implementar a democracia.

Os sauditas entraram no Bahrein, onde a população está a ser tiranizada e onde estão a acontecer prisões em larga escala. Isto não está a ser muito divulgado pela Al-Jazeera. Pergunto-me porquê? A estação parece ter sido posta na ordem e em sintonia com a política dos seus fundadores. Tudo isto com o apoio dos EUA. O déspota no Iêmen, odiado pela maioria do seu povo, continua a matá-los todos os dias através de controle remoto a partir da sua base saudita. Nem mesmo um embargo de armas, quando mais uma “zona de exclusão aérea” lhe é imposta.

A Líbia é mais um caso da vigilância seletiva pelos norte-americanos e pelos seus cães de ataque no Ocidente. O fato de os Verdes alemães, que estão entre os mais ardentes defensores europeus do neoliberalismo e da guerra, quererem fazer parte desta companhia revela mais sobre a sua própria evolução do que os méritos ou deméritos da intervenção.

As fronteiras do esquálido protetorado que o Oeste vai criar estão a ser decididas em Washington. Mesmo aqueles líbios que, em desespero, apoiaram o jatos da OTAN, poderão – como o seu equivalente iraquiano – arrepender-se.

Tudo isto desencadeará uma terceira fase a qualquer altura: uma crescente raiva nacionalista que chegará à Arábia Saudita e aí, sem dúvida, Washington fará tudo o que for necessário para manter a família real saudita no poder. Perder a Arábia Saudita significa perder todos os Estados do Golfo. O assalto à Líbia, fortemente ajudado pela imbecilidade de Khadafi em todas as frentes, foi desenhado para retirar a iniciativa das ruas, parecendo ser uma defesa dos direitos civis. Os bahreinianos, os egípcios, os tunisinos, os sauditas e os iemenitas não serão convencidos, e mesmo na Euro-America mais estão a opor-se a esta última aventura do que a apoiá-la. As lutas não estão terminadas.

O poeta alemão de século XIX Theodor Däubler, escreveu:
“O inimigo é a nossa questão encarnada
Ele perseguir-nos-á, e nós persegui-lo-emos com o mesmo propósito.”


O problema desta visão, hoje em dia, é que esta categoria de inimigo, determinada pelas necessidades políticas dos EUA, muda demasiadas vezes. Ontem Saddam e Khadafi eram amigos, regularmente ajudados pelas agências ocidentais de informações para lidar com os seus próprios inimigos. O último tornou-se amigo quando o primeiro se tornou inimigo. E assim continua a desordem mundial. O assassinato de Osama Bin Laden foi aplaudido pelos líderes Europeus como algo que faria do mundo um lugar mais seguro. Digam isso às fadas.

Publicado no
Counterpunch

(*) Tradução de Sofia Gomes para o Esquerda.net

Fonte: Carta Maior

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

III Casulo de Artes Inclusivas celebra o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência com arte e cultura em Salvador

III Casulo de Artes Inclusivas celebra o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência com arte e cultura em Salvador

Com uma programação diversificada e marcada por apresentações de teatro, dança e musica com o objetivo de sensibilizar a sociedade para as bandeiras de luta das pessoas com deficiência, o Casulo de Artes Inclusivas realiza sua terceira edição no próximo dia 21 de setembro, quarta-feira, às 14h30, no Teatro UNEB, e contando com a participação especial da cantora Juliana Ribeiro e a APAE, apresentando “O Circo da Rainha Mal Humorada”.

Com o tema “101 Rosas para Noel”, o Casulo faz uma homenagem a este importante compositor brasileiro, que nasceu com uma deficiência (Hipoplasia da mandíbula), tinha vergonha da marca que trazia no rosto, evitava comer em público por causa do defeito e só relaxava bebendo ou compondo, passando por varias situações de discriminação e preconceitos. Além disso, a intenção do tema é de provocar os participantes a pesquisar um outro cenário da musicalidade brasileira.

Tendo como participantes do III Casulo de Artes Inclusivas alunos: da APABB – Associação de Pais e Pessoas com Deficiência, de Funcionários do Banco do Brasil e da Comunidade, APADA - Associação de Pais e Amigos dos Deficientes Auditivos (com o projeto Libras em Foco, sob a supervisão da professora Ana Paula Pessoa), CEEBA – Centro de Educação Especial da Bahia, Projeto Mergulho Cidadão, Instituto Guanabara, Cia de Dança Inclusiva Rodart, Organização Perspectivas em Movimento, APADALF - Associação de Pais e Amigos dos Deficientes Auditivos de Lauro de Freitas e do Instituto de Cegos da Bahia e, dos artistas independentes Jerusa Ferreira, Carla Fucs, o violonista Manoel Mota, sob direção artística de Déo Carvalho e produção da
Organização Perspectivas em Movimento e Núcleo de Educação Especial da Universidade do Estado da Bahia (NEDE / UNEB). Todo o espetáculo será transmitido, via videoconferência, para todas as unidades da UNEB em todo o nosso Estado.

O Casulo de Artes Inclusivas
O Casulo de Artes Inclusivas nasceu em 2009 como uma ação político – cultural de fomento, produção, e divulgação das artes concebidas, produzidas e desenvolvidas por artistas com deficiência, reivindicando acessibilidade nos espaços culturais e, levando o público para reflexão, questionamentos e interação.

Conforme aponta Ninfa Cunha, produtora do evento, “o Casulo de Artes Inclusivas surge da necessidade de mostrar à sociedade a importância da arte como um meio de expressão de sentimentos, de percepções, de sensibilidades, mudando a ótica da realidade interior de cada um”.

A proposta do Grupo Casulo é sensibilizar, interagir e educar a sociedade de forma lúdica, contribuindo para a construção de um espaço onde artistas com deficiência possam expor o seu trabalho e interagir com diferentes públicos.

21 de setembro – Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência

O Casulo de Artes Inclusivas acontece sempre no dia 21 de setembro, instituído como o “Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência”. Inicialmente instituído em 1982 pelas organizações que atuam na área, e, em 2005, sancionado através de lei federal, o dia 21 de setembro foi escolhido pela proximidade com a primavera e o dia da árvore, numa representação do nascimento de suas reivindicações por cidadania.

Maiores informações:
Ninfa Cunha: (71) 3357.1824 / 8744.2378 / 8104.8884

E-mail: perspectivasemmovimento@gmail.com

sábado, 17 de setembro de 2011

Código de ética de quem não tem ética

A cara de pau da Rede Globo em divulgar, há poucos dias e fartamente, seu "código de ética", tem gerado muitas críticas. Apresentado em todos os seus veículos, os jornalistas e comunicadores não se cansam de apontar incoerências históricas e cotidianas.
Código de Ética das Organizações Globo, divulgado em três páginas no jornal O Globo e demais publicações do grupo é um documento sem o mínimo valor, porque diariamente este grupo jornalístico manipula informação demonstrando total falta de ética, como assinala o blogueiro Luis Carlos Azenha, que publicou informação segundo a qual a TV Globo recebeu orientação no sentido de baixar o pau no Ministro Celso Amorim.

E não é de hoje que as Organizações Globo estão vinculadas aos espectros políticos brasileiros mais à direita. Quem quiser pesquisar encontrará ao longo dos anos editoriais e comentários de articulistas pregando golpes. Foi assim em 1954 contra Getúlio Vargas, quando o jornal O Globo e a rádio do mesmo nome se somaram às forças responsáveis pela tentativa de golpe que culminou com o suicídio de Vargas. A TV estava começando e não tinha a força de hoje.
Roberto Marinho apoiou Juarez Távora contra Juscelino. Mais uma vez o jornal da referida família apoiou um golpe de estado como o de 1 de abril de 1964. Quando surgiu a TV Globo, no bojo da ilegalidade que representou o financiamento do grupo Time Life, a emissora portou-se como uma espécie de porta-voz dos governos ditatoriais e assim sucessivamente. Muitos analistas chegaram a considerar O Globo como uma espécie de Pravda brasileiro.
E agora, na tentativa de enganar incautos, aparece com um Código de Ética na base de belas palavras e sem efeitos práticos. Muitos se perguntam: qual o motivo da divulgação do Código agora? É que a mídia de mercado está cada vez mais desacreditada e o que aconteceu na Inglaterra com o esquema Rupert Murdoch tem deixado até mesmo tradicionais leitores de O Globo com a pulga atrás da orelha.
O Globo, como não poderia deixar de ser está vinculado à Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), junto com outros proprietários de jornais do continente, entre os quais o El Mercurio, do Chile, que participou ativamente da derrubada do presidente constitucional Salvador Allende, tendo por isso recebido da CIA 1,5 milhão de dólares, como comprovam os arquivos implacáveis da inteligência já liberados.
Por estas e muitas outras as Organizações Globo necessitam apresentar com a máxima ênfase um Código de Ética que é encarado até com humor por alguns que acompanham a manipulação da informação que o grupo realiza nas mais diversas mídias

Código de ética de quem não tem ética

segunda-feira 15 de agosto de 2011, por Mario Augusto Jakobskind

Sábado, contra a corrupção da mídia

FSM Dacar 2011 

 Sábado, contra a corrupção da mídia
sexta-feira 16 de setembro de 2011

"A mídia e a síndrome do papagaio de pirata. O que você tem a ver com isso?" Este é o título do panfleto que está sendo impresso por manifestantes que programaram atos em SP e no Rio. Leia a íntegra. Ou imprima o arquivo e distribua, para juntar-se ao protesto em qualquer lugar.

Você já reparou que grande parte dos meios de comunicação adora repetir e repetir algumas idéias, como se fosse um papagaio de pirata nos nossos ouvidos? O problema está no dono do papagaio, ou seja, no pirata. É ele quem manda e decide, de acordo com seus interesses, o que deve ser repetido por aí.

Com a informação é a mesma coisa. Os donos da mídia decidem que idéias e visões de mundo devem ser repetidas e repetidas, até que a opinião pública se convença delas. Agem como piratas, donos do espaço público, sem prestar contas a ninguém. Não aceitam emprestar seu papagaio, muito menos deixar que outros tenham o seu. Assim, garantem o monopólio da voz.
Se na terra dos piratas vale a lei dos mais fortes e mais espertos, numa democracia os direitos devem ser iguais para todos, e a liberdade de expressão não pode ser apenas daquele poderoso que controla a fala do papagaio. Numa democracia, a mídia deve ser sempre plural e diversa, com espaço para todas as vozes.
No Brasil, no entanto, a mídia sempre esteve nas mãos de poucos piratas. São eles que, de forma autoritária, decidem o que pode e o que não pode ser dito pelos papagaios. Usam da liberdade de imprensa que possuem para cercear a liberdade de expressão e o direito à comunicação, que deve ser de todos. Assim, milhões de vozes são caladas, expostas às mensagens quase únicas dos papagaios de pirata.
(VERSO)
Você pode ajudar a mudar essa realidade!
A Constituição brasileira estabelece os princípios e regras mínimas que devem ser respeitadas pelos meios de comunicação de massa, ou seja, o rádio e a TV, que são concessões públicas. Por exemplo: não pode haver monopólio na mídia; as emissoras devem veicular programação regional e independente; a prioridade deve ser para conteúdos informativos e culturais; o país deve ter um forte sistema público de comunicação; o direito de resposta deve ser garantido; é vedada qualquer censura de natureza política e ideológica; etc
O problema é que até hoje a Constituição não é cumprida porque depende de leis específicas para isso. Ao mesmo tempo, as poucas leis que existem não são respeitadas - falta fiscalização do Estado - ou estão ultrapassadas. Para se ter uma idéia, o Código Brasileiro de Telecomunicações é da década de 60, quando ainda assistíamos TV em preto e branco e internet era algo desconhecido.
Já passou da hora de mudarmos essa realidade e garantirmos uma democracia de fato no Brasil. Mas, todas as vezes que a sociedade defende a regulação da mídia, os piratas colocam os papagaios a gritar: "censura!". Oras, se na Europa, nos Estados Unidos e na América Latina os meios de comunicação tem regras a cumprir, são fiscalizados e responsabilizados quando erram, por que aqui é diferente?
Participe da mobilização por uma nova lei geral para as comunicações no Brasil, que garanta pluralidade, diversidade e liberdade de expressão para todos - não só para os piratas! Entre no site www.comunicacaodemocratica.org.br e contribua com a consulta pública por um novo marco regulatório das comunicações. Vamos juntos construir uma mídia democrática!

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Neoliberalismo um colapso inconcluso

Herança neoliberal, políticas recessivas intensificam crise financeira no mundo.

Programa neoliberal, que enfraqueceu a capacidade de planejamento dos Estados e fortaleceu o poder dos mercados, cinicamente propõe a sua solução para a crise, baseada em corte de gastos públicos e recessão econômica - apesar de todos os sinais de fracasso dessas políticas. Questão foi discutida no seminário "Neoliberalismo: um colapso inconcluso", promovido pela Carta Maior em São Paulo e que reuniu especialistas para um debate sobre a natureza da crise e como o Brasil poderia agir para ser protagonista de uma nova etapa do concerto de nações.

SÃO PAULO - Dentro do possível, o Brasil está se saindo bem no enfrentamento desta nova etapa da crise financeira global, em 2011. A aposta em uma política econômica anticíclica, novamente empregada agora, é um remédio que já foi testado com sucesso em 2008 e deve evitar uma contaminação mais intensa do ambiente local pelos problemas vividos nos Estados Unidos e na Europa. Mas nada está definido, diante do grau de desconcerto do sistema financeiro e da falta de acordo entre as nações sobre mecanismos de governança global. O disputa ideológica segue intensa. O programa neoliberal, que enfraqueceu a capacidade de planejamento dos Estados e fortaleceu o poder dos mercados, também propõe a sua solução para a crise, baseada em corte de gastos públicos e recessão econômica. É essa a opção da grande mídia brasileira, expressa na opinião de seus colunistas, mas não precisa ser - como não está sendo - a do país.

A análise descrita acima é um dos diagnósticos que podem ser tirados do seminário "Neoliberalismo: um colapso inconcluso", promovido pela Carta Maior nesta segunda-feira (12), em São Paulo, com apoio da PUC-SP. O evento reuniu notórios especialistas em diversas áreas do conhecimento para um debate sobre a natureza da crise atual, os seus desenlaces possíveis, as propostas alternativas para combater o descalabro financeiro e como o Brasil poderia agir para se proteger e se tornar protagonista de uma nova etapa do concerto de nações. O seminário, mediado pelo professor de jornalismo da USP Laurindo Leal Filho, foi transmitido ao vivo pela TV Carta Maior. Participaram:

- Luiz Gonzaga Belluzzo (Unicamp)
- Maryse Farhi (Unicamp)
- Emir Sader (Uerj)
- Samuel Pinheiro Guimarães (Itamaraty)
- Ignacy Sachs (Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais - Paris)
- Ladislau Dowbor (PUC-SP)
- Paulo Kliass (Governo Federal - funcionário de carreira)
- Marcio Pochmann (Ipea)

A singularidade da crise financeira mundial
O primeiro bloco contou com as análises dos economistas Luiz Gonzaga Belluzzo e Maryse Farhi, ambos professores da Unicamp. Em sua intervenção, Belluzzo recuperou o viés liberal que norteou a maior parte da história capitalista. "A regra sempre foi esta, de um capitalismo liberal com desordem financeira e concorrência entre os países. Momentos como aquele após a Segunda Guerra, quando se tentou domesticar o capitalismo, foram exceção", disse ele. O economista lembrou que nas décadas de 50 e 60 a economia dos EUA era bastante regulada, com tabelamento de juro e controle do crédito pela autoridade monetária. Isso garantiu uma "época de ouro", com crescimento econômico e baixa inflação. A história começou a mudar quando as forças políticas que sustentavam esse projeto, entre partidos e sindicatos, perderam força.

A nova conjuntura política avalizou a liberalização econômica e o descontrole sobre a alavancagem das grandes instituições financeiras que geraram a atual crise, sem que a promessa de bonança econômica e mais empregos se concretizasse. Agora, Belluzzo não vê solução para países em crise sem que os bancos assumam parte do prejuízo com um corte da dívida soberana - o que já está sendo discutido no caso da Grécia. O problema é que esses países estão buscando o equilíbrio fiscal e da relação dívida/PIB com políticas recessivas, que intensificam os déficits - mais um item do receituário neoliberal que continua sendo usado.

Diante da persistência da crise, Maryse Farhi acredita que o futuro pode ser ainda pior. Segundo ela, governos europeus já não têm margem para executarem políticas monetária e fiscal a fim de incentivarem suas economias, como o Brasil e outros países em desenvolvimento têm feito. Na verdade, os europeus, desde o início das turbulências, em 2008, já haviam optado por políticas recessivas, com o corte de gastos públicos. "A Alemanha chegou a colocar um teto para a dívida na constituição do país, e Espanha e Inglaterra seguem no mesmo caminho", afirmou. Os EUA, com o presidente Barack Obama, buscaram executar políticas anticíclicas, mas a perda da maioria democrata na Câmara dos Deputados em 2010 dificulta que novos passos sejam dados nessa linha.

Em concordância com Belluzzo, a professora diz que nenhuma das estratégias, nem a norte-americana, nem a européia, deram resultado. "A contração fiscal tem produzido resultados macroeconômicos bastante negativos, porque a arrecadação final caiu, a economia voltou a se desalecerar, os preços dos imóveis continuam em queda e as empresas, apesar de voltarem a lucrar, preferem não investir diante das incertezas", analisou Maryse.

Já a situação brasileira permanece relativamente melhor. Para Belluzzo, o país tem reservas, está numa situação fiscal bem administrada e o mercado interno pode ser mobilizado para evitar a recessão. Além disso, ele acredita que alguns efeitos da crise podem até beneficiar o Brasil, com a estabilização ou até a queda dos preços das commodities e a influência disso no combate à inflação. "A crise pode ser passageira aqui se o governo tiver capacidade de planejamento", disse.

Panorama geopolítico: novos atores e novas agendas
O segundo bloco do seminário teve comentários do professor Ignacy Sachs, da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais de Paris, e de Ladislau Dowbor, da PUC-SP, ambos estudiosos do desenvolvimento sustentável. Lembrando que a Rio+20, a conferência da ONU que marcará as duas décadas da ECO-92, ocorrerá no próximo ano, Sachs defendeu que a sociedade contemporânea precisa voltar a "planejar seu futuro", usando dois conceitos, para ele, fundamentais: a pegada ecológica e o trabalho decente. O primeiro, retirado da ecologia, trata-se de um índice que mede o impacto gerado por determinada atividade no ambiente, e o segundo, lançado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), diz respeito à qualificação de vagas de emprego a partir dos direitos que devem ser garantidos ao trabalhador.

"A conferência Rio+20 está chegando e não há tempo hábil para que um grande número de propostas seja construído e negociado, por isso acho que devemos usar essa oportunidade para mapear o caminho, usando aqueles dois conceitos que considero importantes", afirmou Sachs. O professor voltou a apresentar propostas para a superação da crise atual, entre elas a de que o uso de oceanos e do ar por companhias de transporte sejam taxados, um fundo de desenvolvimento seja criado com 1% do PIB dos países ricos e a estrutura global de cooperação técnica passe a ser orientada por biomas, e não pela proximidade geográfica entre as nações.

"Nós temos uma perda sistêmica de governança. Liquidou-se a capacidade de planejamento, não há instrumentos de longo prazo, não há visão sistêmica, não há políticas estruturais", afirmou Ladislau Dowbor, em linha com o pensamento de Sachs. O economista da PUC-SP lembrou que esse "desgoverno global" é responsável pelo caos climático em diversas regiões e a tragédia da fome no globo, que atinge um bilhão de pessoas e 180 milhões de crianças, conforme dados das Nações Unidas.

"Precisamos resgatar a função pública do Estado para que o dinheiro seja utilizado realmente onde há necessidade", criticou. Dowbor lembra que os governos dos países ricos despejaram fortunas de recursos públicos para combater a crise, mas que a "gestão privada desses recursos está gerando um caos". Em defesa da organização local, ele elogiou ações como a da rede Nossa São Paulo e disse que os "5.500 municípios brasileiros" precisam organizar iniciativas próprias com foco na qualidade de vida. "Muitos acham que o poder local é de segunda linha, mas ele é essenciais para resgatar o poder de transformação da sociedade", concluiu.

Desafios e trunfos da América Latina
Diante do cenário de incertezas, caberá aos latino-americanos algum papel protagonista? Essa questão foi apresentada pelos organizadores do seminário ao sociólogo Emir Sader e ao embaixador Samuel Pinheiros Guimarães, alto representante do Mercosul, no terceiro bloco do Seminário Carta Maior.

Apesar de reconhecer que "elementos estruturais do neoliberalismo foram herdados e ainda não superados", Sader aponta que na América Latina há uma "clara tentativa de rompimento com o modelo anterior". Ele cita os governos de Lula no Brasil, Néstor Kirchner e agora, Cristina, na Argentina, José Mujica no Uruguai, Fernando Lugo no Paraguai, Evo Morales na Bolívia, Rafael Correa no Equador e, claro, Hugo Chávez na Venezuela como oportunidades de superação da ditadura financeira no continente.

"A grande dificuldade é que a virada se deu sobre um marco negativo. No caso do Brasil, a herança maldita do governo Fernando Henrique era a fragmentação social, o fim do projeto de desenvolvimento, a desarticulação das condições que permitiram o desenvolvimento anterior, a crise fiscal e a abertura comercial descontrolada", apontou Sader. Tudo isso sustentado por o que o atual presidente do Conselho Latino-americano de Ciências Sociais (Clacso) chama de "ditadura da palavra". "É o resultado da concentração da mídia, que, quando baixamos o juro, virou um muro de lamentações", ironizou.

Já o embaixador Guimarães aponta a América Latina como uma tradicional área de influência dos EUA, que continua tentando "incoporar economicamente" os países com tratados bilaterais - casos do Peru e da Colômbia. Esse fator dificultaria o surgimento de projetos autônomos na região. "O que nos salva um pouco é que os governos da América do Sul são de esquerda em sua maioria, preocupados com o desenvolvimento de infra-estrututa, com o desenvolvimento social, com o mercado interno", afirmou. Ele diz que o advento da China como potência hegemômica - "eu não acredito em emergentes, pois só há um, a China" - acrescenta um outro fator de pressão aos latino-americanos, que vendem commodities e compram produtos industrializados dos chineses.

Para o embaixador, a China, mais do que a atual crise financeira, deve se tornar a principal influência externa para os países da região. "E como somos competidores na venda de produtos, como a soja, precisamos de políticas de Estado razoavelmente coordenadas", opinou. Sobre a possibilidade de coordenação financeira regional, tema questionado no seminário, o embaixador vê dificuldades. ¨Todos são latino-americanos, mas a orientação sobre a política monetária é muito diferente em cada país", disse.

O Brasil e os canais de transmissão da crise
O quarto bloco do seminário contou com a presença de Marcio Pochmann, presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), e do economista Paulo Kliass, funcionário de carreira da administração federal, para uma análise sobre os canais de transmissão da crise global em direção ao Brasil. Crítico do receituário neoliberal, Kliass lembrou que a atual conjuntura revela "que o livre jogo da oferta e da demanda não se mostra como solução para alocar recursos e resolver a crise". Segundo ele, mais regulação é necessária, inclusive com estratégias de controle de capitais.

Para o economista, a partir do segundo mandato do presidente Lula o país passou a usar mecanismos importantes para enfrentar a crise e estimular sua economia, como os aportes do BNDES, medidas de desoneração fiscal e estímulo ao crédito às famílias. "Mas poderia ter avançado mais, como foi o caso da China e da Índia", afirmou. Para Kliass, o Brasil ainda precisa reduzir muito suas taxas de juro, "para estimular a geração de emprego, evitar a entrada de capital financeiro e permitir a recuperação da taxa de câmbio". "A classe média deixará de passar duas férias por ano em Miami, mas é preciso lembrar que por conta dos juros altos o governo transferiu R$ 1,4 trilhão em dez anos para o setor financeiro, quase um PIB brasileiro", criticou.

Em sua exposição, Marcio Pochmann também elogiou o fato de o governo brasileiro estar agindo à crise de modo diferente ao que fazia nas décadas de 80 e 90, "quando o receituário pregava aumento do juro, mais imposto, o não reajuste do salário mínimo, corte de gastos sociais e de investimentos, e privatizações". "A partir de 2008 a proposta foi diferente, com desonerações fiscais importantes, aposta no salário mínimo, o programa de construções habitacionais, os programas sociais, as ações do BNDES", disse ele, com concordância com Kliass.

Apesar disso, Pochmann afirma que projetos ultrapassados, como o que defende que o Brasil se torne uma plataforma global de exportação de produtos primários, ainda encontram eco na sociedade. "É um projeto que aposta na expansão desses setores, mas sem se preocupar com a geração de empregos de qualidade e o atendimento das maiores mazelas do país", disse. Porém, a maioria que defende "o fortalecimento de cadeias produtivas de alto valor agregado e a geração de conhecimento" está no comando e deu sinais de que não aceitará "vôo de galinha", com o recente corte na taxa Selic. "Como em outros momentos da história brasileira, a crise é uma oportunidade para o Brasil mudar suas políticas", analisou o presidente do Ipea.
Fonte:Carta Maior

sábado, 10 de setembro de 2011

Atençao unebianos....

Atenção alunos do Campus XVIII, unebianos de Eunápolis, fiquem atentos quanto a data da matrícula.
Vão perder a data de vista não. Bora matricular gente!




sábado, 3 de setembro de 2011

RESPOSTA REPÚDIO A CARTA DO REITOR DA UNEB, ENVIADA AO DIREITOR DO CAMPUS XVIII PARA QUE FOSSE LIDA NA AUDIENCIA DA VERACEL.

Eunápolis, 15 de agosto de 2001.


Em resposta ao Sr Reitor, Valentim 
Para todas as pessoas que acreditam que nao precisamos destruir a natureza para vivermos bem. 


Nós, Estudantes da Universidade Estadual da Bahia (UNEB) que esta subscreve, vimos manifestar publicamente que não concordamos que o Reitor desta universidade, venha a público apoiar a ampliação dos plantios de eucalipto e fábrica de celulose da Veracel, por que:
 A empresa Veracel Celulose vem causando grandes impactos para as comunidades rurais e urbanas ao concentrar mais de 200 mil hectares de terras;
A empresa é acusada de invadir territórios tradicionais Pataxó;
Uso abusivo de agrotóxicos como Sulfuramida e Glofosato, comprovadamente danosos ao meio ambiente e as pessoas;
A empresa é acusada pela Justiça Federal, Estadual e do Trabalho por diversas ilegalidades e exploração dos trabalhadores;

 Art. 225, § 1º, Inciso I da Constituição Federal Brasileira, todos tem direito ao meio ambiente Ecologicamente equilibrado, tendo-o como bem de uso comum do povo e essencial à qualidade de vida de todos. Impondo ao poder publico e a coletividade a responsabilidade e o dever de defendê-lo e preservá-lo;

Ressaltamos ainda, que não concordamos que a Veracel Celulose venha estimular que o Estado da Bahia não cumpra com suas obrigações perante a sociedade, com isso cobramos da empresa que venha atuar na região com legalidade, perante sua presença que necessita de atuações frente ao seu compromisso para com a comunidade faltando cumprir com suas contrapartidas sociais, essa posição de cobrança não parte somente dos estudantes deste campus, mas também de entidades parceiras que compreende que é preciso cobrar, além do apoio do ministério publico como órgão fiscalizador que tem cumprido o seu papel. Desta forma é inaceitável a postura do reitor e do governo do estado da Bahia, em aceitar somente o espaço como forma de comodato o que retira a autonomia da universidade. Com isso  faz-se necessário a liberação definitiva do espaço para o CAMPUS UNIVERSITÁRIO e ou negociar definitivamente com a empresa o prédio onde está funcionando os cursos acima citados, ficando alunos e professores reféns da Veracel Celulose porque  só dispõe o prédio em regime de comodato, onde em audiência publica ocorrida no dia 12 do mês e ano corrente afirmou que só viabiliza em regime de comodato por tempo indeterminado e usa esse argumento para manipular as opiniões e garantir apoios. Essa postura é inaceitável pois compreendemos a suma importância da universidade para a cidade e região e com estas limitação impedia a atuação eficaz para a pesquisa ensino e extensão, como podemos aceitar tal postura do Estado, onde em seus planos de meta para 2011, os seus planos para a educação seria de prioridade, refletimos então como tem sido esta prioridade dada pelo
Estado.
 
Nós, DIRETÓRIO ACADÊMICO DE HISTÓRIA  - UNEB EUNÁPOLIS

LEIA ABAIXO A  CÓPIA DA CARTA  QUE REPUDIAMOS VEEMENTEMENTE,  ENVIADA PELO SR Reitor  PARA QUE FOSSE LIDA PELO DIRETOR NA AUDIÊNCIA da Veracel em Eunapolis. ( Por motivos que desconhecemos o diretor não leu a carta)

CARTA À COMUNIDADE EUNAPOLlTANA
A Universidade do Estado da Bahia (UNEB) é uma autarquia em regime especial, vinculada à Secretaria de Educação e Cultura do Estado da Bahia, estruturada sob modelo multicampi de funcionamento, com sede em Salvador, capital do Estado e em 23 cidades do interior do Estado, a exemplo de Eunápolis, que abriga o campus XVIII, no qual está instalado o Departamento de Ciências Humanas e Tecnologias, responsável pela oferta de 03 cursos regulares de graduação e 09 cursos junto ao Programa de Formação de Professores/MEC/CAPES - Plataforma Freire, totalizando 562 estudantes da região.
Nesta audiência pública, por intermédio do Diretor de referido Deparjamento, Professor Pedro Daniel dos Santos Souza, desejamos ressaltar o apoio que a Empresa Veracel Celulose S.A. tem concedido à comunidade da UNEB do campus XVIII, por meio da celebração de comodato, a partir de outubro de 2008, cujo objeto consiste na disponibilização do imóvel, incluindo o prédio sede das atividades de ensino, pesquisa e extensão. Tal iniciativa da Veracel representa significativo papel social no âmbito do Território Extremo Sul.
Na oportunidade, registramos, ainda, que a mencionada empresa também tem apoiado projetos desenvolvidos pela UNEB na área de extensão, a exemplo do Congresso Internacional de Educação do Estado da Bahia (CIDEB), promovido por esta Instituição Universitária e a Elvento, em junho passado, com a participação de 1.500 pessoas, aproximadamente.
Ratificamos que investir na Veracel, significa trazer desenvolvimento e crescimento econômico para a região, mas vamos mais além, representa reconhecer o papel que esta grande empresa tem desempenhado no seu compromisso com a educação superior. Significa, sobretudo, consolidar o espaço físico que abriga a estrutura acadêmica da UNEB, a qual, certamente, será agraciada com a posse definitiva do espaço que hoje ocupa e com isso beneficia toda a população do território e do Estado.
/H- ...
Lourisval~ Valentim da Silva '-...Reitór
Rua Silve ira Martins nO 2555 Cabula Salvador Bohia - Brasil - CEPo 4!. ! 50-000 Tel. (71) 3117-2354/3117-224! - Fax 3117-2387 E-maU:
uneb@JÔos.vneb.br